“Não gosto do Halloween, não lido bem com importações de tradições embora reconheça que as tradições e as novidades podem coexistir, criando, se espaço houver, o seu próprio equilíbrio. Prefiro ver o Halloween sincero nos Estados Unidos do que a sua adaptação no meu país. Identidade. Gosto que haja identidade.”
Gostava de ter outra opinião sobre este tema: uma mais cor-de-rosa, talvez. Provavelmente, mudará – a opinião - quando tiver filhos e tiver que conviver, anos após ano, com este recente costume.
Até lá, mantenham-me longe de vampiros, bruxas e morcegos: estou bem aconchegada na tradição do Pão por Deus.
"Claro que tens defeitos: alguns divertem-me, outros enternecem-me, nenhum me incomoda, talvez por serem os defeitos das tuas qualidades da mesma maneira que um automóvel possui os travões adequados à potência do motor. Se fosse Deus não mudava grande coisa em ti: talvez trocasse um móvel de posição, alterasse uma jarra, substituísse um quadro. Na casa não mexia: agrada-me que seja como é. "
Qual o nosso grau de compromisso com a arte? Temos que ser honestos? Ou basta uma simulação realista de honestidade?
Pergunto apenas: podemos chamar escultura, a qualquer peça esculpida? Podemos chamar literatura, a qualquer livro escrito? De forma crua e directa? Solta do que, de facto, é?
Não, não, não. Preciso de franqueza quando me deparo com arte.
Esculpir não é esculpir peças.
Literatura não é escrever textos.
Ou, mais rigorosa: não se fica pelo esculpir, não se fica pelo escrever - atravessa os verbos que lhe dá definição - a arte.
Na verdade, agora que inicio este texto, concluo apenas que se eu fosse o amor ficava (francamente) chateada.
Perdoem-me a insensibilidade mas, acabo de analisar, o amor é o bem mais vendido no mundo.
Ele surge nas suas mais diversas formas: embrulhado na forma de um livro, mascarado no formato de um álbum, servido como um peluche felpudo, talhado num coração para pendurar ao pescoço.
Há um certo quê de promiscuidade nesta fluente arte de vender o amor (onde sou – atenção - uma compradora, de forma bastante assumida).
As pessoas pelam-se por uma história de amor e pelos símbolos que a concretizam – essa é verdade.
Todos nós precisamos de uma achega a este tema porque a busca de justificações é sempre uma constante e os acertos de contas com o passado, por vezes, também.
Por isso, é tão natural, possuirmos algo que nos fornece a ideia (concreta) do que imaginamos ser o que de mais intangível temos em nós: o amor solto que nos rodeia.
Às segundas, normalmente, estou a chás, naquela de tentar acalmar a ribalta do fim-de-semana.
Às segundas, normalmente, estou a chás, para serenar de forma forte o que, basicamente, se quer calmo - a entrada nas horas mastigadas da semana de trabalho.
Às segundas, normalmente, estou a chás e, por aqui, me fico até ao desnorteado do fim-de-semana avançar de novo.