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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Qua | 30.11.16

Lareira.

Catarina Duarte

A lareira estava forrada com tijolo firme: pintaram, e não foi ao acaso, os tijolos com tinta acetinada. Conferia-lhes um ar requintado.

Na sala, tudo combinava: os móveis nas proporções certas e as cores a fornecerem sentido e harmonia – estão na moda os brancos e os cinzentos, os ambientes clean e despegados.

Mas a lareira estava forrada. Impecavelmente forrada, é certo: mas forrada. Encostada a si, repousavam velas brancas, de estrutura grossa, possivelmente, para fornecer um ambiente mais aconchegante a quem por ali permanecia.

A lareira estava forrada – retiraram-lhe o fulgor e colocaram velas.

Não gosto de lareiras fechadas.

Entristece-me a existência de objectos cujo propósito lhes foi negado.

Tudo fazia sentido: os móveis estavam bem encaixados, disponham-se ordeiramente, as cores escolhidas eram refrescantes, os detalhes – notava-se - estavam cuidados.

 

Mas a lareira… a lareira conferia frieza à sala que, harmoniosamente decorada, não merecia este fim. 

Ter | 29.11.16

Chás e tagines.

Catarina Duarte

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Não me choca a diferença cultural. Não olho com desdém para hábitos diferentes dos meus nem, tão-pouco, com superioridade por viver confortavelmente num país desenvolvido. Como é óbvio, tenho como certo que é no aglutinar das diferenças que nos vamos tornando pessoas mais completas e é exactamente essa a magia que me leva a viajar – se quisesse ver pastéis de natas e Torres de Belém não saia da minha Lisboa.

A diferença cultural pauta-se pela distinção clara existente nos costumes, nas formas de ocuparmos os nossos dias, no modo com que olhamos para os longos minutos que perfazem uma hora.

Ganhamos mesmo muito mundo quando saímos deste rectângulo – mas ganhamos mais, muito mais do que mundo. Ganhamos personalidade, ganhamos compreensão, ganhamos estômago, ganhamos força, ganhamos consciência do que não temos e, mais importante, damos valor ao que temos, ao que guardamos como garantido. 

Mas quando li esta notícia, fiquei chocada. Bolas, é inacreditável como é que ainda se aceitam situações como esta. Por muitas diferenças que existam, isto é passar qualquer tipo de limite. Em Marrocos, não me chocam os souks intermináveis, escurecidos e sempre a regatear. Não me chocam os chás, as tagines, as laranjas ou o olho para o negócio. Quero as nossas diferenças visíveis. Quero que as suas formas de agir se mantenham intactas, singulares, únicas. 

Somos, naturalmente, um subproduto da nossa sociedade onde estamos inseridos, somos a aquisição acumulativa de gerações e costumes, de hábitos adquiridos, de personalidade definida.

Mas esta notícia, bolas, chocou-me. Relembrou-me que, por muito open mind que uma pessoa seja, ainda há diferenças claras e graves com as quais não se pode compactuar.

Esta realidade é a prova que a violência está infiltrada, de forma profunda, nesta sociedade e não está assim tão bem camuflada como a maquilhagem está a querer mostrar. Está visível para quem quiser ver. É real. Existe. Infelizmente, existe. Pertence. Pertence-nos.

 

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Seg | 28.11.16

Física quântica.

Catarina Duarte

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É um bocado banal dizer (soa sempre a balada pirosa), mais banal ainda assumir que, por vezes, tudo o que transportamos no coração é o que define o mote da nossa vida. Já procurei, em diversos assuntos, orientação firme, viragem científica ou fundamentos concretos no meio de tanta física quântica mas, de facto, só quando nos sentamos a sós com ele, com o nosso coração, é que encontramos, no meio da nossa própria insensatez, a exatidão matemática das melhores soluções. 💚

Seg | 28.11.16

Pessoas interessantes.

Catarina Duarte

De vez enquanto, descubro uma pessoa interessante (minimamente conhecida do público em geral).

Quando digo interessante, não me refiro necessariamente aos melhores escritores, aos melhores compositores, aos melhores pintores do mundo. As pessoas interessantes vão muito para além dos livros, músicas ou pinturas "com potencial de venda" – podem ou não medir-se em números.

Quando digo interessante, refiro-me a pessoas absolutamente banais que, de uma forma ou de outra, têm algo de positivo a acrescentar à minha vida – claro que podem ser, nesta perspectiva, interessantes para mim mas razoáveis ou, até mesmo, insuportáveis para outros.

A questão é que, em busca de inspiração constante, vasculho a vida, a história, investigo as motivações e o que as levou, de facto, a tomar umas ou outras opções.

Na verdade, é só estarmos atentos – há entrevistas mesmo boas para descobrir.

Ouçam o Fala com Ela, na rádio Radar, com a Inês Meneses. Não se vão arrepender.

Qui | 24.11.16

Sobre as luzes de Natal antecipadas.

Catarina Duarte

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 (imagem retirada da internet)

 

Não sei que febre se andou a alastrar este ano, se foi uma forma de chamar o frio, dizendo-lhe, de forma meiga mas frontal, que chegou a sua altura do ano e que, portanto, teria que aparecer, mas (e julgo que não é só impressão minha) o Natal, este ano, chegou mesmo mais cedo.

Nas lojas, apressar o Natal é um efeito natural – é uma forma de antecipar o consumo e a compra antes da altura propriamente dita – mas, no que refere às pessoas, nunca tinha visto tamanha campanha a favor do Natal.

A maior parte de nós adora esta época: é a altura dos sonhos em formato de luzinhas a piscar, das músicas que nos derretem os corações gelados pelo frio lá fora, do aconchego da família, da tranquilidade do lar e, especialmente, da atenção dada à tradição – as recordações surgem em cada garfada dada no bacalhau ou no cabrito.

Juro que irei avançar para a árvore de Natal e que a farei de forma breve. Mas, bom, enfeitar a árvore, fazer o presépio e pendurar as luzes no início de Novembro parece-me muito prematuro mesmo!

Agora, para ser sincera, também estou curiosa: vai-se tudo manter até Março?

 

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Qua | 23.11.16

Barulhos quotidianos.

Catarina Duarte

Sabem aqueles barulhos que já nem ligamos porque fazem parte integrante do nosso quotidiano? Falo de um frigorífico a trabalhar ou de uma música ambiente presente, por exemplo.

São barulhos que só reparamos que lá estão quando, desligados, sentimos alívio real nos nossos ouvidos.

 

Há pessoas iguais.

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