Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Sex | 30.06.17

Sobre blogs #2: Começar um blog.

Catarina Duarte

II - Começar um blog - sobre blogs.png

 

Quando se decide começar um blog, há várias decisões a tomar logo no seu início. Umas podem ser alteradas, ao longo do tempo; outras, como por exemplo o nome, convém que se mantenham constantes, caso queiramos ver o número de seguidores crescer. 

 

Na minha opinião, as principais decisões a tomar são: 

 

Ter um tema - O tema do blog tanto pode ser do mais abrangente possível (como o Pipoca mais Doce - onde são abordados diversos assuntos, tais como, a actualidade, moda ou o Benfica), como ser mais específico (como o Paulo Marques - saber fazer.fazer saber – onde se fala sobre Contabilidade).

 

A escolha do tema, pode condicionar, à partida, o crescimento do blog. Se estivermos a falar de Contabilidade, obviamente que os interessados no tema serão em menor número.

 

Um tema pode ser importante como "guia" mas que não deve (nem vai) ser castrador da vontade.

 

Claro que, num blog de Contabilidade, é despropositado falar de moda mas, mesmo que a ideia inicial seja apenas falar de Contabilidade, pode-se, eventualmente, abrir o leque para Fiscalidade ou para Recursos Humanos. Os blogs - como a vida - não são estáticos. 

 

Ter um nome - Depois de escolhido o tema, ou, pelo menos, o tema principal, deve-se escolher um (bom) nome. Um bom nome é curto, direto e fácil de decorar. Insensatez, no caso do meu, pretende associar-se à minha escrita por ela ser muito "ondulada", cheia de picos de personalidade, é um nome rápido e fácil de identificar. Isto é relevante no passa-palavra. 

 

Onde alojar - Há muitos locais onde podem colocar o vosso blog, tal como, o Blogspot, o Wordpress ou o Sapo. Eu já tive um blog do Blogspot e foi uma boa experiência mas não bate o Sapo.

 

Bom, o Sapo, para além de ser um portal português e que fornece aos bloggers apoio quando necessitamos, também potencia o crescimento dos seus membros. Como? Partilhando, nas suas diversas páginas, textos que considera relevantes (ver no blogs.sapo.pt ou no próprio do sapo.pt). Este gesto dá visibilidade à comunidade. 

 

Boa imagem / Bom layout - Depois de escolhido o tema, o nome e onde colocar o blog é necessário cuidar da imagem e do layout. 

 

A imagem deve ser limpa, as letras devem ser pretas (no máximo, cinzentas) em base branca e deve haver coerência entre o conteúdo e a imagem: se calhar, não faz sentido, caso eu queira passar uma mensagem de maturidade, utilizar uma imagem cheia de gelados e flamingos. 

 

O layout, por sua vez, deve ser fácil e conter apenas a informação relevante. A Sapo já tem layouts pré-definidos que vamos ajustando conforme as nossas necessidades. A informação que queremos destacar deve estar visível e de fácil acesso. Os links devem estar a funcionar. 

 

Adoro passear em blogs simples, não me baralho com informação supérflua e foco-me no essencial.

 

Sobre "Começar um blog" é esta a partilha.

 

O primeiro texto da saga "Sobre Blogs" (sobre a Dimensão das Coisas) está aqui.

O terceiro texto da saga "Sobre Blogs" (sobre como Dinamizar um blog) está aqui.

O quarto texto da saga "Sobre Blogs" (sobre como Dinamizar um blog) está aqui.

 

Qui | 29.06.17

Sobre blogs #1: A dimensão das coisas.

Catarina Duarte

I - Dimensão das coisas - sobre blogs.png

 

No outro dia, num jantar, um grupo de pessoas comentava, com algum espanto, que o meu blog até é “grandinho”, tal como as redes sociais que, à volta dele, gravitam.

 

Sem falsas modéstias, eu não acho nada que o meu blog seja "grandinho", nem consigo perceber a medida deste “grandinho”. Sei que tenho bom feedback, sei que tenho alguns seguidores, sei que eles estão a crescer, sei que as visualizações também têm aumentado, mas não sei muito mais. Ah, sei também que blogs grandes (sendo que “grande”, nesta escala, é superior a “grandinho”) são, por exemplo, o Pipoca Mais Doce, o Frederica ou o Stylista. Mas, bom, sendo totalmente realista, nem faz sentido coloca-los na mesma escala: estes blogs pertencem a pessoas que pagam as suas contas com eles!

 

Depois, temos outros, mais para o meio da tabela, mas que também já têm alguma dimensão. Nestes, os autores (ainda) não conseguem viver do blog mas conseguem obter algum retorno, ao trabalharem com diversas marcas, o que origina bastante dinamismo ao próprio blog.

 

O meu blog, de ambos os casos, está longe, muito longe.

 

Possivelmente, com "grandinho", o grupo de pessoas com quem jantava, referia-se ao facto de ser um blog com conteúdo frequente e (relativamente) trabalhado, o que até pode parecer estranho dado que tenho um trabalho (que não é o blog), na vida de todos os dias, relativamente exigente.

 

Digo-vos (acho que nunca assumi este ponto, neste espaço): levo o blog muito a sério e sai-me, francamente, do pêlo todos os conteúdos que por aqui aparecem, pela frequência com que aparecem mas, principalmente, pela qualidade que gosto que tenham. Não abdico de os trazer bem escritos (muitas vezes escritos a altas horas da noite, no meio de um processo criativo qualquer; outras vezes, escritos no intervalo de qualquer coisa ou enquanto espero por alguém – mas sempre revistos e revistos e revistos) e com boas fotografias sendo que, a ausência delas, muitas vezes, justifica-se pelo facto de não ter tempo para as tirar: quando isso acontece, prefiro, obviamente, não colocar imagens. Até porque, em última análise, este blog pertence às palavras, à escrita, a esta minha paixão pelos caracteres; as fotografias acabam por ser um complemento.

 

Bom, introduções feitas, o objectivo deste texto é referir que vão sair alguns posts sobre o que, para mim, representa isto de ter um blog – com algumas dicas pelo meio.

 

Irei falar na óptica dos blogs pessoais, como é o caso deste, onde há sempre uma pessoa e uma opinião por detrás dos conteúdos publicados. Basicamente, vou-vos contar a minha experiência e, quem sabe, inspirar alguém a criar um.

 

Adianto-vos já que não é fácil: exige dedicação, trabalho e renúncia mas é muito bom.

 

Apesar de tudo, passo a vida a recomendar, a toda a gente, a criação de um blog, mesmo que o objectivo seja apenas passar o tempo pois, ter um cantinho como este, ajuda-nos a esquematizar as ideias, a pensar sobre as coisas, a ter uma opinião.

 

Preparados para vários posts sobre o tema?

 

O segundo texto da saga "Sobre Blogs" (sobre como Começar um blog) está aqui.

O terceiro texto da saga "Sobre Blogs" (sobre como Dinamizar um blog) está aqui.

O quarto texto da saga "Sobre Blogs" (sobre como Dinamizar um blog) está aqui.

Qui | 29.06.17

Opinião - O Triunfo dos Porcos de George Orwell

Catarina Duarte

 

Triunfo dos Porcos.JPG

 

Tenho alguma vergonha em assumir isto: eu, nestes 32 anos de pura existência, nunca tinha lido o Triunfo dos Porcos.

 

Ok, podem apedreja-me porque, basicamente, é o que vai acontecer sempre que alguém, de idade avançada (como é o meu caso), me disser, de forma despreocupada: “O quê? O Triunfo dos Porcos? Não, não, nunca li. Mas, bolas, há tantos livros bons para ler.”

 

Há uma razão muito óbvia para este argumento não ser aceitável. Há, de facto, muitos livros para ler mas este, bom, este ganhou um lugar no meu coração. E isso é tudo. E tinha tudo – tudo - para não ganhar: é um livro pequeno e mete porcos que, bom, é um animal que eu não aprecio particularmente.

 

Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudónimo George Orwell, criou aqui uma bela obra de arte, digo-vos já.

 

Esta obra foi publicada em 1945, no Reino Unido, e conta a história de um grupo de animais que vive numa quinta governada por humanos até que, um belo dia, decide criar uma revolução expulsando, deste modo, os humanos donos da quinta, implementando um novo regime governado por animais, encabeçado pelos porcos.

 

Ora, claro que isto acaba por dar para o torto.

 

Esta fábula política tem como propósito picar os regimes totalitários, reforçando que dão sempre asneira, mesmo quando eles se iniciam sentados nos melhores valores, sublinhado todos os perigos dos mesmos, especialmente, o favorecimento daqueles que são mais fortes.

 

É um livro que recomendo mesmo muito: pequeno em tamanho, mas enorme em conteúdo.

 

(E querem saber o que me ligou ainda mais a este livro. Releiam aqui.)

Ter | 27.06.17

Eu pensava.

Catarina Duarte

eu pensava 2.JPG

 

Eu pensava que a rádio era da voz. Vemos a cara dos locutores, hoje em dia, e eles, bom, eles andam em autocarros enquanto fazem a emissão em direto.

 

Eu pensava que o fado era negro. Ontem ouvi a Raquel Tavares a senti-lo com um vestido amarelo canário (sim, amarelo canário é uma cor).

 

Eu pensava que os livros eram folhas presas a uma lombada, que eram o cheiro da impressão fresca ou, então, o cheiro a antigo e a saudade, pregado nas suas letras. Hoje, tenho um eReader e sou – minimamente – feliz com ele: não pesa, cabem lá muitas obras e dá para ler no escuro.

 

Eu pensava que a sopa era uma refeição saudável (no matter what) mas, entretanto, percebi que só é saudável se não tiver batata.

 

Eu pensava que as fotografias (que, na sua génese, não passam de representações mortas de momentos felizes) serviam para embelezar uma casa com o seu passado porém, hoje em dia, podem ser consideradas inestéticas numa casa que se quer fotografável e harmoniosa.

 

A minha alma velha de 32 anos, talvez baça, talvez resistente, mas, seguramente, tradicional, lá se vai moldando, lá vai aceitando estas alterações (ou estas evoluções, como gostam de lhes chamar), lá se vai resignando a todas - umas com mais facilidade, outras mais na defensiva - mas sempre, inicialmente, envolvida naquele sentimento entristecido, de sobrancelha levantada, com um certo ar de indignação (sem qualquer esforço para ser escondido), afinal, estão a mexer, a remexer mesmo, naquilo que gostava que continuasse a ser como sempre foi.

Ter | 27.06.17

Os Livros estão Loucos.

Catarina Duarte

 

os livros estão loucos.jpg

 

Para os mais novos, a editora “Guerra e Paz” lançou uma coleção de clássicos chamada “Os Livros estão Loucos".

 

Estes livros, escritos numa linguagem actual e de forma resumida, estão mesmo loucos: são pintados à mão e as palavras ondulam pelas páginas de forma original. Uma forma diferente e atrativa de ler nos clássicos.

 

Robinson Crusoé, Romeu e Julieta e  Alice no País das Maravilhas são os três primeiros livros disponíveis.

Seg | 26.06.17

Não vale tudo.

Catarina Duarte

Aqui há uns tempos, voava eu por entre naqueles minutos que antecedem o meu sono, vagueando levemente pelo Facebook, quando choquei de frente com uma fotografia de uma pessoa a pousar alegremente no Memorial aos Judeus Mortos da Europa, do arquitecto Peter Eisenman, em Berlim, também conhecido como Memorial do Holocausto.

 

Aquele embate, meio violento, acordou-me de forma repentina porque, de facto, representava uma falta de noção incrível. Das duas, uma: ou aquela pessoa desconhecia o local onde se encontrava, ou era, simplesmente, completamente superficial nas suas ações.

 

Eu não quis saber a resposta: pesquisei um pouco e verifiquei que era um comportamento algo recorrente - as pessoas fotografam-se mesmo, de forma leviana, assumindo posturas alegres e joviais, em locais cujo propósito é a introspeção.

 

Comecei, nesse dia, a escrever este texto.

 

Eu já estive no Memorial do Holocausto, tal como já estive em muitos outros Memoriais, e só a ideia de lhes tirar um fotografia, apenas com o intuito de o recordar, de o ter presente, de não o esquecer, me estremece.

 

Mas, bom, há quem vá mais longe e que não se contente com um registo sóbrio, com uma breve fotografia, disparada de fugida apenas para sua leitura pessoal.

 

Há mesmo quem utilize o espaço em causa, de forma desrespeitosa, há quem se esqueça das razões para ele existir, há quem se embarque em selfies atrás de selfies, nas fotografias artísticas, há quem sorria e encene momentos engraçados, há quem não tenha noção do local onde se encontra.

 

Há uns tempos, um humorista israelita chamado Shahak Shapira, criou um site com o intuito de ridicularizar quem utiliza este local em concreto para fotografias superficiais.

 

Basicamente, a acção consistiu numa montagem, substituindo o fundo real (do Memorial) por um fotografia do que ele pretende representar.

 

E, bom, o resultado foi este:

 

holocausto1.jpg

 

holocausto2.jpg

 

holocausto3.jpg

 

holocausto4.jpg

 

 

Sugiro que façam uma pesquisa no instagram, por exemplo, pelo nome do Memorial e vejam o género de fotografias (e filmes) que por lá andam. É inacreditável.

 

Com tudo isto, digo sempre: não vale tudo, malta. É que não vale tudo.

Dom | 25.06.17

Opinião - A Vegetariana de Han Kang.

Catarina Duarte

Vegetariana.JPG

 

Opinião: Assim que comecei a ler o livro A Vegetariana e, por estarmos, tanto eu como a minha mãe, particularmente sensíveis a este tema, recomendei-lhe que o comprasse, o mais brevemente possível, para, o quanto antes, o começar a ler.

 

Porém, à medida que fui avançando na leitura, mudei de ideias e nunca mais insisti no assunto. De facto, julgo que a minha mãe não gostaria dele como, aliás, muitas pessoas não vão gostar.

 

Este livro, vencedor do Man Booker International Prize, começa com a apresentação suave de uma mulher, nem bonita nem feia, que, após ter tido um sonho, decide tornar-se vegetariana, sem imaginar o impacto que esta decisão irá ter, tanto na sua vida, como na vida de todos os que a rodeiam.

 

Esta mulher, nem bonita nem feia, habituada a viver as vontades dos outros, agarra, então, de forma quase obsessiva, aquilo que passa a conseguir controlar: o acto de não comer carne.

 

A violência que esta decisão gera, torna-se tão real que, inconscientemente, decide tornar-se numa árvore, alimentar-se como uma árvore, afundar-se como uma árvore, viver com uma árvore.

 

É um livro difícil, denso, corporal, pelo tema em si mas, também, pelas diferentes perspectivas que vão sendo injectadas na história.

 

Recomendo este livro a quem tem uma mente (muito) aberta porque, embora seja de fácil leitura, é, de facto, um livro estranho e complexo.

 

Rating: 4/5

Sex | 23.06.17

Uma tragédia nunca vem só.

Catarina Duarte

Não há, obviamente, desculpa para roubos, para furtos, para maldades, no geral, para violações, em particular, em nenhuma – nenhuma mesmo - circunstância.

 

Mas fico ainda mais chocada quando leio que há pessoas que se aproveitam da tragédia alheia (ou, como tantas vezes acontece, da velhice alheia) para criar linhas de ajuda falsas ou contas bancárias reais mas cujo dinheiro nunca chegará às vítimas.

Aconteceu com a tragédia em Pédrogão e acontece sempre que há uma tragédia.

 

São tantos os exemplos diários de quem, totalmente ausente de escrúpulos, se aproveita da fraqueza do próximo, da desorientação que se vive no momento, das casas que se deixaram destrancadas, daquelas que se tiveram que abandonar, com o propósito de roubar, de enganar, de extorquir.

 

O ser humano tem muito, muito de bom, é verdade, mas depois tem um lado, este lado, que me faz ter vergonha de pertencer a esta espécie.

 

Pág. 1/3