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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Qui | 30.11.17

Zé Pedro.

Catarina Duarte

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Sem palavras. Tão novo. Tão cedo. Demasiado cedo.

E nós, bom, nós nunca mais vamos ver os Xutos completos, os Xutos que mandavam abaixo um pavilhão inteiro com os seus concertos. Nunca mais.

E "nunca mais" é mesmo muito tempo. :(

Qui | 30.11.17

Em linha recta.

Catarina Duarte

Já aqui falei algumas vezes do blog Em Linha Recta. A Cristina Nobre Soares tem uma escrita, na minha opinião, perfeita: suave mas, ao mesmo tempo, crua. A par da Ana Cássia Rebelo é das pessoas que melhor escreve nesta blogosfera.

 

Hoje trago-vos um texto dela. Leiam (este e os outros) que vale bem a pena:

 

"É quando as pessoas me aborrecem de morte que ponho o meu ar mais atento. Mas só o faço porque sou uma dissimulada, uma cobardolas, com medo que me apanhem a pensar noutra coisa. Se me apanhassem teria de dizer, ora, essa conversa não me interessa um caracol. Às vezes até interessa, mas depois apanho um trejeito, um esgar ou uma fífia do meu interlocutor que me dá muita vontade de rir. É terrível, qualquer parvoíce me faz rir. E para não fazer má figura, que uma pessoa rir-se a despropósito no meio de um assunto sério, é coisa de gente sem juízo, ponho-me a pensar noutra coisa, como o que é que vou fazer para o jantar, os 25% de desconto na carne de novilho no Pingo Doce ou que devia arrumar os livros por ordem alfabética. O divagar tira-me vontade de rir e poupa-me ao embaraço. Quando a pessoa termina de dizer o que tinha para dizer, perguntam-me, muito interessante, não achaste? E eu digo, sim, muitíssimo, anuindo com a cabeça com um ar muito convicto. Sim, deu para perceber, estavas com um ar muito concentrado, dizem-me. E eu, mais uma vez, passo por pessoa séria e inteligente. Mal sabem eles."

Qui | 30.11.17

Generosidade.

Catarina Duarte

Ainda sobre o texto sobre as "Raparigas de Uniforme" (sendo que não tem diretamente a ver com o texto mas, bom, sinto que se toca algures na mensagem que pretendi passar), aqui há uns dias, li um artigo em que falava da enorme generosidade do Pedro Rolo Duarte, dizendo que ele sempre ajudou jornalistas a crescerem na carreira até se tornarem o que são hoje, sem nunca ter receio da concorrência que eventualmente pudesse existir.

 

E isto é mesmo bonito.

 

Digo isto com a mesma convicção que sei que é também muito difícil colocar em prática esta generosidade no nosso dia-a-dia.

 

Em todas as áreas há competitividade porque, quem faz a competitividade não são as áreas mas, sim, as pessoas.

 

Na nossa área profissional, ajudar alguém a crescer, não permitindo que cresça em nós o receio de ser ultrapassados por essa pessoa, é mesmo de uma generosidade que não tem explicação.

 

Devemos todos seguir este exemplo.

Qui | 30.11.17

Tenho de escrever?, por Sérgio Ambrósio

Catarina Duarte

Quinta-feira, véspera de feriado, e trago-vos mais uma participação ao desafio: Tenho de escrever?.

Desta vez, a participação é do Sérgio Ambrósio e começa assim:

 

"Escrever é doloroso, sofre-se, sua-se, desiludimo-nos, esforçamo-nos, tentamos a superação, avançamos, recuamos, apagamos, duvidamos. Umas vezes, achamos que escrevemos o pior texto do mundo. Outras vezes, achamos que escrevemos algo engraçadito, que não faz Camões dar voltas, no túmulo, pelo trato dado à língua portuguesa."

 

Podem ler o resto do texto aqui.

 

Obrigada, Sérgio!

 

 

Podem ver todas as participações aqui.

Qua | 29.11.17

Raparigas de Uniforme.

Catarina Duarte

blogs singulares.JPG

 

Este texto já está a ser construído há algum tempo. A grande razão para não o ter publicado antes, consiste no facto de andar às voltas com o ângulo que queria abordar. Ora, vamos lá começar:

 

É comum, porque somos humanos, e falhamos, e, demasiadas vezes, temos pensamentos pecaminosos, sermos deslumbrados por determinadas realidades que julgamos que podem vir a ser a nossa.

 

Mas há que meter um travão nestes pensamentos menos, vá, positivos, e seguir em frente com a nossa vida, com a convicção que todos nós temos valor, um valor que não se mede e que vai ser, se tiver que ser, reconhecido.

 

O ponto do texto de hoje é que as miúdas, hoje em dia, querem todas ser bloggers ou youtubers (nada contra, atenção! - um dia irei falar sobre este fenómeno) porque veem, lá está, bloggers e youtubers a receberem presentes atrás de presentes, a fazerem, todos os dias, unboxings de, isso mesmo, presentes, a passarem constantemente a mensagem que são felizes, a aparecerem fotografadas como modelos, e, no final do dia, ainda são capaz de concluir que estas bloggers ou youtubers têm vidas perfeitas e que – cereja em cima do bolo para quererem mesmo esta vida - trabalham pouco para o conseguirem.

 

As miúdas, hoje em dia, acham que, fazendo meia dúzia de posts de qualidade duvidosa, com meia dúzia de fotografias de qualidade duvidosa, ganham notoriedade e dimensão e que as borlas vão começar a surgir.

 

Mas, o pior, o pior disto tudo, nem são estes sonhos suspensos em nuvens (lembram-se que uma vez referi aqui que há um lado perverso nisto de nos fazerem acreditar que tudo é possível?), o pior é mesmo a cópia e a falta de autenticidade que se vive.

 

Estas miúdas vestem-se de igual, falam de forma igual, escrevem de forma igual, abordam os temas de forma igual. No fundo, querem ser iguais. Os textos não têm originalidade, não buscam um ângulo nunca antes abordado. São cópias, atrás de cópias, atrás de cópias. E, no meio de tantas cópias, perdem as miúdas que não alcançam o que outras alcançaram e perdemos nós que somos bombardeados de conteúdo igual, dia após dia.

 

Não copiem, não procurem obter o mesmo êxito que alguém atingiu copiando-lhe os passos do sucesso. A fórmula, provavelmente, funcionou ali porque, naquele momento, era uma fórmula original e inovadora e as pessoas gostam de (e sentem a) originalidade.

 

Façam o vosso próprio caminho, apostem na vossa singularidade, na vossa forma única de olhar o mundo. E trabalhem, trabalhem e trabalhem. A criatividade também se trabalha. Também se constrói. Todos os dias, quando achamos que esgotámos mais um pouco da nossa imaginação, ela aparece para nos provar que está mais forte do que nunca.

 

É muito pindérica a forma como estou a transmitir o meu ponto?

Desculpem-me, mas queria mesmo passar esta mensagem: as pessoas percebem, sentem e notam quando adquirem conteúdo que é uma cópia de outro e que, até poderia ser melhor, se a pessoa em questão colocasse mais de si lá dentro.

 

Todos ganhávamos.

 

Só isso.

Qua | 29.11.17

Tenho de escrever?, por Filipa Maia

Catarina Duarte

Hoje já é quarta-feira e eu estou mesmo (mesmo!) feliz por acabar o mês de Novembro com este desafio!

 

Bom, para quem ainda não sabe (como assim?), o desafio que lancei há uns dias consiste em responder à pergunta “tenho de escrever?”.

 

Parece uma pergunta muito simples (afinal, tem apenas 3 palavrinhas) mas é de uma grande complexidade!

 

O desafio está lançado e, durante esta semana, vou continuar a partilhar aqui as vossas respostas.

 

Hoje, claro, trago mais uma participação. A Filipa, do blog Deixa Ser (que não me canso de partilhar), respondeu e começa assim:

 

“A Catarina Duarte desafiou-me a responder a esta pergunta, que ela própria endereçou recentemente no seu blog. É claro que aceitei logo o desafio e também poderá ser bastante óbvio que a minha resposta é “sim”! Sim, claro que tenho de escrever, preciso de escrever.

 

Sinto-me sempre um pouco estranha a responder a este tipo de perguntas, ou mesmo quando apenas penso nelas. Por vezes, sinto-me uma intrusa neste mundo da escrita. Eu não sou aquela pessoa que “escreve desde pequenina” ou que sempre soube que a sua vocação era escrever. Não, pelo contrário, se já me seguem por aqui, então sabem que a escrita surgiu mais tarde na minha vida. Acho que andei, durante muito tempo, a tentar fugir-lhe por ser algo que me deixava desconfortável, até que chegou o dia em que essa fuga não foi mais possível, deixei de conseguir escapar-lhe e ela apanhou-me – na verdade, agarrou-me com as duas mãos e nunca mais me deixou ir.”

 

O resto do texto está disponível no seu blog.

Leiam que vale bem a pena (já aqui disse que adoro o blog da Filipa?).

 

Obrigada, Filipa!

 

 

Podem ver todas as participações aqui.

Ter | 28.11.17

Opinião - O Substituto.

Catarina Duarte

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Não é assim tão comum, eu gostar realmente de um filme. Quando digo gostar, refiro ao ponto de me sentir completamente repleta com as imagens e com as ideias do mesmo. Também não é raro, calma lá, que não sou nenhuma intelectual cinematográfica.

 

O meu primo Francisco andava atrás de mim, desde há uns tempos para cá, para eu ver o filme "O Substituto" (sim, esse que é de 2011) até que, um belo dia, lá resolvi dedicar-me a ele.

 

Se o trago aqui hoje é também para partilhar convosco a forma como este filme se cravou em mim. É profundo, é complexo, mas é, essencialmente, amargo. Todos nós reservamos em nós mesmos estas três características, não é mesmo?

 

O filme conta a história de um professor que faz substituições de outros professores. A dada altura, vai dar aulas para uma escola bastante problemática. Ao contrário de muitos filmes do género, a história centra-se no professor e não na evolução dos alunos pela influência dele. Gostei muito desta forma de abordagem pois dá todo um novo folgo ao filme.

 

Com o lastro de uma situação não ultrapassada do seu passado, com um avô doente, uma miúda prostituta que resgata da rua, com os seus alunos problemáticos, com uma psicóloga em negação, uma diretora que se recusa a aceitar que vai ser despedida, com professores que não têm capacidade para serem professores e outros que têm mas não conseguem, o protagonista assume a sua posição de substituto de forma firme (apesar de se deixar envolver com o que o rodeia) uma vez que, quando acaba a substituição, volta a sair de cena com a mesma rapidez com que entrou.

 

É um filme complexo, grande, que toca em muitos temas, todos eles intensos, que escava fundo no meio de nós mesmos, que reflecte sobre o abandono, sobre famílias descompensadas, sobre a nossa falta de capacidade de limparmos o passado em nós.

 

Uma realização óptima com interpretações maravilhosas (todos, todos vão bem).

 

Um filme triste, profundo, sem esperança e sem uma mensagem positiva mas muito, muito realista. Num mundo onde nos impingem que tudo é perfeito, a vida, por mais que nos custe admitir, pode nem sempre terminar da melhor forma.

 

Vejam. Prometo que não se vão arrepender.

 

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