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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Seg | 11.09.17

A vida no feminino.

Catarina Duarte

É notória a (imensa) discriminação a que as mulheres são sujeitas. Se nos dedicarmos a olhar para altos cargos directivos, então, é contar pelos dedos de uma mão (sim, uma chega) quantas mulheres lá estão penduradas.

 

Há muito trabalho ainda a fazer nesta área, sem dúvida. Não estão em causa as capacidades técnicas ou cognitivas que as mulheres têm. Simplesmente, as oportunidades não são as mesmas por razões que interessa aprofundar.

 

Somos pessoas diferentes (homem e mulher), isso é inegável e, talvez por essa razão, não sou a favor da igualdade de género. Sou a favor, sim, da igualdade de oportunidades e direitos. As mesmas oportunidades, os mesmos direitos, independentemente do sexo mas, também, independentemente da cor da pele ou da cor do cabelo, independentemente do berço onde nascemos. Independentemente de tudo que não sejam as capacidades ou conhecimentos necessários para determinada tarefa, função ou cargo.

 

O mundo está sensível a este ponto, com tudo o que tem de bom (movimentos, textos, debates, opiniões), e com tudo o que tem de (ia dizer “mau”)… menos bom.

 

A parte menos boa destes movimentos de sensibilização é que se perderam noções. Quando há barbeiros que não deixam entrar mulheres, talvez por piada, talvez pelo posicionamento da marca, porque, bom, é um barbeiro (e eu, a bem dizer, nunca tive muita curiosidade em saber o que lá se passa) cai o Carmo e a Trindade. Porque agora somos pessoas sensíveis e tolerantes e isso é o apartheid vestido de calças de ganga (que eu, por acaso, também uso – não é exclusivo do público masculino, ok?).

 

Mas depois, depois, ninguém fala nos milhares de e-mails que recebo sobre coaching no feminino, liderança para mulheres, gestão de tempo para mulheres. Ninguém fala dos baby showers desta vida, autênticos flagelos discriminatórios para o sexo masculino.

 

Se acho que o baby shower faz sentido apenas para mulheres? Bom, eu entendo que o conceito “só meninas” faça sentido para a maioria das pessoas; para mim, que não tenho grande pachorra para jogos cujo objectivo é adivinhar a medida da barriga grávida, preferia que fosse algo mais inclusivo, com maridos e rapazes à mistura. Mas só porque me divirto muito com os meus rapazes. Só por isso!

 

Mas não, e – atenção - o ponto é este, nunca vi nenhum homem indignado por não participar nestes programas (sinceramente, acho que eles até agradecem). Mas, bom, se calhar, só conheço homens estranhos: que se estão a borrifar se são ou não incluídos.

 

Portanto, malta, vamos com calma que nem tudo é discriminação. É só uma questão de propósito, de programa, de sentido.

 

Dediquem-se mais em identificar discriminação a sério, presente na disparidade de salários e na promoção de carreira, por exemplo. Isso é que é uma guerra!

 

Agora, puxarem para debates públicos programas só para homens (quando também os há só para mulheres), a sério, poupem-me a beleza.

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