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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Qui | 30.11.17

Em linha recta.

Catarina Duarte

Já aqui falei algumas vezes do blog Em Linha Recta. A Cristina Nobre Soares tem uma escrita, na minha opinião, perfeita: suave mas, ao mesmo tempo, crua. A par da Ana Cássia Rebelo é das pessoas que melhor escreve nesta blogosfera.

 

Hoje trago-vos um texto dela. Leiam (este e os outros) que vale bem a pena:

 

"É quando as pessoas me aborrecem de morte que ponho o meu ar mais atento. Mas só o faço porque sou uma dissimulada, uma cobardolas, com medo que me apanhem a pensar noutra coisa. Se me apanhassem teria de dizer, ora, essa conversa não me interessa um caracol. Às vezes até interessa, mas depois apanho um trejeito, um esgar ou uma fífia do meu interlocutor que me dá muita vontade de rir. É terrível, qualquer parvoíce me faz rir. E para não fazer má figura, que uma pessoa rir-se a despropósito no meio de um assunto sério, é coisa de gente sem juízo, ponho-me a pensar noutra coisa, como o que é que vou fazer para o jantar, os 25% de desconto na carne de novilho no Pingo Doce ou que devia arrumar os livros por ordem alfabética. O divagar tira-me vontade de rir e poupa-me ao embaraço. Quando a pessoa termina de dizer o que tinha para dizer, perguntam-me, muito interessante, não achaste? E eu digo, sim, muitíssimo, anuindo com a cabeça com um ar muito convicto. Sim, deu para perceber, estavas com um ar muito concentrado, dizem-me. E eu, mais uma vez, passo por pessoa séria e inteligente. Mal sabem eles."

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