No dia em que Lisboa se encheu de branco, a voz do meu António desapareceu.
No dia em que Lisboa se encheu de branco, eu estava no carro. Estava acompanhada pelo meu António, pela sua voz melosa e branda, janelas fechadas para que ninguém pudesse invadir a privacidade da minha música que tocava.
Do nada, alguém, possivelmente irritado com a calma que se fazia sentir naquele carro verde, descamba. As pedras de granito atiram-se velozmente para o tejadilho. E a voz do meu António, a sua voz melosa e branda, diminui. Diminui. Até desaparecer.
No dia em que Lisboa se encheu de branco, eu estava no carro.
No dia em que Lisboa se encheu de branco, a voz do meu António desapareceu.
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