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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Qua | 15.06.16

Sobre a polémica Rui Sinel de Cordes. Sobre (outra vez) a liberdade de expressão.

Catarina Duarte

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Sobre a polémica Rui Sinel de Cordes. Sobre (outra vez) a liberdade de expressão. Não pode haver limites. Não pode haver "mas". Não pode haver. Asseguro-vos que nem sempre foi esta a minha opinião. Asseguro-vos também que seguia o humorista RSC no Instagram e, por não ser particularmente apreciadora do seu género de humor, ao fim de uns tempos, deixei de o seguir. Atenção: não está, na origem desta questão, o quanto concordamos com a afirmação por ele proferida. Ou o quanto achamos piada à mesma. Sobre a mais recente polémica sobre os "limites" que o humorista ultrapassou com uma piada sobre o atentado de Orlando cumpre-me apenas dizer que não há, não pode haver limites à liberdade de expressão. Já os houve, em tempos. Estão recordados? Para além da razão óbvia que é o que significa fazer um atentado à liberdade de expressão, há ainda a razão "cultura". Não é aceitável que se castre o potencial criativo apenas porque não se concorda, porque não se gosta, porque se considera um excesso. Porque, se assim for, quem considera o excesso? Quem define o limite? Já houve, em temos, quem o fazia. Estão recordados? A ideia, o pensamento, a piada não podem ser assassinados logo na sua génese. Isso é matar uma identidade. Isso é matar o artista. Isso é matar. Aos que não gostam, digo apenas que não podem ameaçar de morte. Isto é crime. É grave. Muito mais grave do que uma piada negra. Muito mais grave. Aos que não gostam, digo apenas que podem comentar, podem manifestar opiniões - é um direito que vos assiste. É legítimo - é aceitável. Aos que não gostam, digo apenas que, tal como eu, estão livres de o deixar de o seguir, de desligarem a televisão, de pararem de o ler. É para isso que a cultura existe. É para isso que a liberdade de expressão existe. Percebam: quanto mais incendeiam uma alma criativa, mais perdemos. Todos.

 

Instagram www.instagram.com/catarinaduarte.words

5 comentários

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    Catarina Duarte

    16.06.16

    Não pode haver limites à liberdade de expressão. As pessoas têm que perceber que, se os houver (como já os houve), perdemos todos. Somos livres de gostar, de ler, de ouvir. E, também somos livres de não gostar, de não ler e de não ouvir. Até somos livres para dizer que não gostamos e que achamos o gajo um idiota. Mas nunca (nunca!!) o podemos ameaçar de morte. Já houve um tempo em que se queimavam livros e os autores. Não gostava de voltar a esses tempos.
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    Descontos

    16.06.16

    Discordo que não possam existir limites à liberdade de expressão. Pense por exemplo nos limites que eu tenho de andar na rua a chamar nomes às pessoas ;)
    Outro exemplo, eu posso achar que alguém deveria morrer, mas entre pensar e expressá-lo corro o risco de isso ser considerado uma ameaça e aí está o seu direito à liberdade de expressão a ser limitado.

    Quando penso na dificuldade do tema, ocorre-me sempre um exemplo surreal que é uma organização religiosa nos EUA, invocar o direito de expressão para se manifestar em funerais de soldados americanos, contra a homossexualidade.

    Não é uma discussão simples, estanque. E francamente não presumo ter uma ideia coesa sobre os limites aceitáveis à liberdade de expressão, porque no fundo, a liberdade de expressão é liberdade de ser.
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    Minie

    16.06.16

    Acho que não pode haver limites à liberdade de expressão. As pessoas são livres de dizer, escrever etc. o que quiserem. No entanto têm que estar preparadas para as consequências. Exemplifico: se eu for na rua e me insultarem, que proferiu o insulto tem que estar ciente que o seu ato pode ter consequências (os tribunais existem para alguma coisa). Tem que haver total liberdade de expressão, no entanto temos que estar bem cientes que os nossos atos têm consequências - processo em tribunal. Ameaçar de morte, nunca. Castrar as opiniões dos outros, nunca!
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    Catarina Duarte

    16.06.16

    Concordo a 100%
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