Home is where your heart is.
Quando mudei da casa dos meus pais para a nossa casa, não me custou; embora com a consciência que deixaria para trás um caminho trilhado por amor e comodidades que sempre abracei como garantidas, tive a certeza que a migalhas de pão do caminho de regresso estavam jogadas e a palavra “regresso” eram tão certa como a casa que acabava de comprar.
Essa mudança deu-se gradualmente, um pé dentro e outro fora, à medida que lenta, lentamente íamos construindo aquilo que durante 3 anos chamamos de lar.
Três anos depois, quando decidimos mudar de casa, não queria. Queria mas não queria, ser estranho este, eu sei, mas estava envolvida pelo que fomos e que, pensava eu, estávamos benzidos por aquelas paredes que nos abraçavam; receosa do que foi não volta a ser, pendia entre a necessidade obvia de termos uma casa maior e o sentimentalismo agregado de que ali é que eramos felizes.
Lá me rendi às evidências e toca a empacotar que, como diz o outro, “home is where your heart is”. O processo não foi fácil, teria que deixar a minha estante repleta de livros para trás, porém, lá veio a promessa de que uma nova estante de livros nos iria esperar na casa nova e esta foi a premissa número um, na árdua tarefa de procura de uma nova casa.
Lá encontramos a nossa casa e as mudanças deram-se. Na primeira viagem dos caixotes, fiz questões que os livros fossem os primeiros a embarcar, arrumei-os detalhamente enquanto me chateava com a minha mãe e com as minhas primas porque “não arrumem os livros à balda!!”. Na primeira noite que lá passámos, não tínhamos os tachos nem as panelas, nem comida no frigorífico, não tínhamos roupa nem televisão, mas eu já me sentia em casa: com ele e com a minha estante repleta de autores e história, a verdade é que eu já me sentia em casa. Sim, estou aqui para comprovar na primeira pessoa: “home is where your heart is”.