Livros.
Agora que o exame já passou, posso, finalmente, agarrar-me a um livro, diferente e mais interessante dos que me fizeram companhia nas últimas semanas. Tenho Mia Couto - Cronicando à cabeceira. Acho que vou avançar por este.
Boa semana!
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Agora que o exame já passou, posso, finalmente, agarrar-me a um livro, diferente e mais interessante dos que me fizeram companhia nas últimas semanas. Tenho Mia Couto - Cronicando à cabeceira. Acho que vou avançar por este.
Boa semana!
Escrevi Lisboa mas podia ter escrito Porto, Coimbra, Braga ou outra qualquer cidade, vila ou aldeia. Escrevi Lisboa por ela ser minha. Minha e de todos os meus amigos que a largaram.
Fazem-me falta, todos os dias, as Catarinas, as Anas, as Ritas, os Pedros e tantos outros, que empacotaram as suas roupas, sorriram para os seus passados, meteram-se no avião, cheios de esperança e vontade, e largaram rumo ao incerto. Deixaram para trás os seus pais, os seus irmãos, os seus amigos, as suas casas, as suas ruas, a sua Lisboa.
Voltam quando o rei faz anos, que é como quem diz, no Natal e em Agosto, complicam uma agenda que se quer calma nas férias, na ânsia de chegarem a todo o lado e, duas semanas depois, embalam as saudades anexas à mochila que trouxeram, e regressam. Deixam para trás, outra vez, a sua Lisboa e tudo o que lhes pertence. E repetem este processo ano após ano.
Ir é bom mas não é Lisboa. As ruas não são iguais, a luz não é parecida, a comida não sabe ao mesmo, as pessoas não são idênticas. Até podem açambarcar as novas ruas como deles, imaginar uma luz brilhante que os faça confundir com a da nossa cidade, que os ofusque de tal forma que pensem que criaram Lisboa noutro local, até podem confeccionar a nossa comida com ingredientes similares (mas que, infelizmente, não vêm dos nossos sítios), até podem criar novas amizades e construir uma nova família, até podem criar um lar, com as suas novas coisas, pendurar quadros nas suas novas paredes, coleccionar os seus novos objectos. Podem, inclusive, dispô-los conforme querem, embelezar as molduras com as suas fotografias, e, no limite, até podem por fotografias, nessas mesmas molduras, de Lisboa. Mas… mas não é Lisboa. É uma convicção anulada de querer criar Lisboa onde ela não existe.
Para uns, não é uma opção; para outros, é uma experiência de vida. Para todos (pelo menos, para os meus): ir é bom mas é tão melhor quando o avião atravessa o nosso rio de caudal largo, sobrevoa a nossa cidade sarapintada de luzes amarelas, o comandante dispara um “apertam os cintos: vamos iniciar a descida para Lisboa”, as portas se abrem e as palavras, no nosso português, começam a ser ouvidas.
Muitos buscam Lisboa nestas Lisboas. Numa primeira fase a ilusão existe, estão ofuscados pelas luzes incandescentes dos seus novos lugares, hipnotizados pela superficialidade cravada nos prédios e nos restaurantes das cidades que os acolhem mas, depois, com o passar do tempo, com a saudade a trespassar-lhes o peito, concluem que Lisboa… bom, que Lisboa só há uma, só há esta, a nossa. As outras Lisboas são boas, ninguém diz que não. Mas não são nossas. E, quando concluem isto, as saudades rasgam toda a esperança desse futuro melhor, destroem toda essa vontade de vencer lá fora em pedacinhos, galgam toda a motivação para permanecer num sítio onde não pertencem e só pensam: quero voltar.
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Bom domingo.
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Depois de uma semana de estudo frenético, o merecido descanso da guerreira:
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A estudar muito. A dormir pouco. A comer mal. A respirar... só às vezes.
Estou debaixo de água.
Bom dia!
Estou em modo meio out e cheia de vontade que seja domingo.
Só queria que tudo passasse rápido. Só queria descansar. Dormir uma noite sem pensar no justo valor dos instrumentos financeiros, nas taxas a aplicar na tributação autónoma se a empresa tiver prejuízo, ou se os impostos de compra não reembolsáveis entram no preço de compra de um activo fixo tangível.
Só queria deitar a cabeça na almofada, acordar ao meio-dia, tomar um pequeno-almoço demorado e que fosse verão.
Só queria que fosse verão.
Boa noite.
(vale tanto a pena parar uns minutos e ouvir esta música!)
Uma boa semana!
Não sou escritora e, suponho, também não o serei, nem daqui a uma mão cheia de livros publicados. No máximo, rabisco umas coisas. Se ainda estivéssemos no tempo em que a escrita era criada por meio de papel e caneta, seria essa mesma a expressão a utilizar: rabiscar umas coisas.
Mas, dizia eu, não sou escritora, tal como, verdade seja dita, não o considero qualquer um que publica livros. Escritor é uma profissão composta por camadas, é algo que não basta fazer diariamente, de forma mecânica e rotineira, na tentativa de aprumar o seu ofício num horário completo das nove às seis. Ser escritor é cimentar o prazer das palavras, montadas umas sobre as outras, de forma consecutiva e persistente. É dar provas. Sistemáticas. Consistentes. Obras resolvidas e duradouras. Palavra atrás de palavra, todas elas, as palavras, ordenadas em forma de frases, compondo parágrafos, contos, livros que nos unem ao real significado da palavra literatura. Palavras arremessadas, tantas vezes, à primeira vista sem sentido, mas que, no conjunto, pintalgadas dentro de outras frases, formam histórias poderosas – muitas vezes tão simples. Histórias simples. Escrever é resistir. É viver a resistir. Não deixar que o ambiente molde as ideias, afunile o pensamento e impeça de consumar a palavra escrita. Ser escritor é opor-se ao medo. De forma franca e directa: opor-se ao medo que a palavra seja mais forte do que muitas mentes que por aí andam. Aquele medo que nos impede de escrever o que queremos e nos leva a escrever o que as pessoas, no geral, querem ler. Ser escritor é fazer um pacto com ele próprio, é fazer prevalecer a honestidade acima de qualquer ideia. É deixar, tantas vezes, ou diria melhor, quase sempre, ou melhor ainda, porque não sempre?, o coração tomar conta do cérebro que, por sua vez, articula as palavras que jorram em catadupa, umas atrás das outras, na elaboração de uma ideia. É fazer desta união algo perfeito, para que estas ideias saiam sempre de onde devem sair: cá de dentro. Sem filtros. Sem medos. Ser escritor é reagir ao meio. É usar a arte – a arte de escrever – como forma de mudar. Resistir e mudar. Escrever é ter coração. É ser forte. É não ter medo. Escrever é resistir. É viver a resistir.
Leio muito, conheço muitos que escrevem. Conheço poucos escritores.
Enviaram-me esta imagem e, pese embora não me considere “escritora”, não deixei de lhe achar piada. Reconheço-me na ilustração com o mesmo nome. Apenas substituía “escritora” por “pessoa que rabisca umas coisas”.
Bom domingo (o que sobra dele) :)
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Rui Veloso e Carlos Paredes.
Isto é tão bom.