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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Ter | 31.10.17

O caso do juiz Neto de Moura.

Catarina Duarte

Tribunal Relação do Porto.jpg

 

 

Não comentei antes o caso do juiz que utilizou o adultério de uma mulher como atenuante de uma determinada pena de um crime de violência doméstica, porque sempre julguei que, a imagem que circulava nas redes sociais, tinha sido, de alguma forma, manipulada, de tão surreal que era.

 

Só que o caso foi ganhando proporções épicas até que a Ministra da Justiça se pronunciou e eu pensei: “bom, se calhar, isto é mesmo a sério, se calhar, isto passou-se mesmo neste pacato e sereno país, onde as portas ainda são abertas para as senhoras passarem, um país tido como de brandos costumes, com o mínimo de evolução intelectual, onde tenho a sorte de viver.”

 

Li, então, há uns dias, numa entrevista, que o juiz desembargador Neto de Moura condena a violência doméstica e eu pensei: “olha, aqui está a oportunidade perfeita para escrever sobre isto.”

 

Sendo que, com “condena a violência doméstica”, compreendi que o fazia na sua esfera privada e aceitei-o como uma pessoa minimamente desenvolvida intelectualmente.

 

Mas, bom, a parte fundamental do caso é mesmo esta: é-me totalmente indiferente que ele condene ou deixe de condenar, na sua esfera íntima e privada, a violência doméstica.

 

Vou explicar o meu ponto:

A diferença, a única diferença, é que, supondo que ele não condenava a prática da violência doméstica, esta sua opinião, caso não exercesse esta mesma violência, era apenas e só uma opinião. Caso exercesse violência doméstica, era um crime público e, ai sim, da responsabilidade de todos nós.

 

Ora, não entendi, então, a entrevista que li, onde este juiz referiu que “condena a violência doméstica” atendendo ao facto de as suas convicções serem pouco relevantes para o caso.

 

O ponto importante é que este juiz levou as suas convicções (e que, atenção!, que vão contra à entrevista que li – eu acho que ele não condena a violência doméstica pois só isso justifica o seu acórdão!) para o tribunal e, com base nelas e na Bíblia, escreveu um acórdão onde o adultério serviu como atenuante da pena ao agressor.

 

Desde quando é que, em Portugal, um acórdão pode citar a Bíblia? Eu, até à data, considerava que, na decisão, os juízes se debruçavam unicamente nos diferentes Códigos (neste caso, julgo que é o Código Penal Português) e na Constituição Portuguesa.

 

Expliquem-me, por favor, senhores advogados que me leem – isto é muito confuso para a minha mente virada para os números. 

 

O Conselho Superior da Magistratura vai pronunciar-se no dia 7 de Dezembro de 2017 sobre o caso: aguardemos.

Seg | 30.10.17

Mudou a hora: que bom!

Catarina Duarte

horas.jpg

 

 

 

Nas minhas relações, todos encaramos com ironia o titulo deste texto porque sabemos que a noite, que agora surge às cinco da tarde, encurta a vontade de fazer coisas na rua e isso, obviamente, para nós, não traz nada de bom.

 

Assim que bate o anoitecer na cidade, no campo ou na praia, o frio surge agarrado a ele mesmo, ao anoitecer, e a vontade de nos aquecermos entre as nossas quatro paredes aumenta, logo, inevitavelmente, as horas úteis, para andar de um lado para o outro, diminuem.

 

Compreendo o argumento que acordar de dia é positivo (para as pessoas, no geral, e para os miúdos, em particular) e a lógica da poupança de energia: dizem que, quando o horário laboral se centra no horário solar, o consumo de energia diminui - faz-me mesmo todo o sentido.

 

Mas, de uma forma puramente egoísta, porque o mundo não era nada sem os nossos quereres pessoais, digo, sem receio nem pudor, que não gosto mesmo nada desta mudança da hora, apesar de ela até começar de forma bastante promissora, uma vez que dormimos mais uma hora nos seus primeiros dias.

 

Mas depois, bom, depois é uma depressão: fico com sono ainda mais cedo do que o normal e, para a malta que quer aproveitar o dia depois das cinco da tarde, fica tudo muito difícil.

 

Ainda falta muito para os dias aumentarem?

Qui | 26.10.17

As alergias e a alimentação.

Catarina Duarte

alimento medicamento.jpg

 

Hoje gostava de partilhar convosco quais eram as minhas alergias e qual foi a forma como, aparentemente, as consegui resolver.

 

Durante muitos anos, sofri bastante devido às alergias que tenho às árvores, à relva, às flores, enfim, a tudo o que implique pólen e pozinhos (desculpem se não sou muito técnica). E, quando digo "fortemente atacada" é mesmo “fortemente atacada”. De forma sucinta, vou-vos descrever o panorama:

 

- Espirrava, de forma consecutiva e ininterrupta - tal modo que o Ricardo tinha, muitas vezes, que sair da sala porque já não me podia ouvir espirrar;

 

- Estava sempre, mas sempre, a pingar do nariz;

 

- Mal conseguia respirar porque esse acto, aparentemente fundamental para viver, me irritava as narinas o que originava mais espirros;

 

- Os meus olhos estavam sempre muito vermelhos e, por vezes, tinha muita dificuldade em abri-los;

 

- No carro, nunca conseguia ter o ar condicionado ligado e também era muito complicado ter as janelas abertas porque o ar girava mais e piorava a minha respiração (estão a imaginar o quão difícil era fazer uma viagem comigo, de carro, na Primavera?);

 

- Em concertos ou em locais que implicavam pó, tinha que ir sempre com comprimidos SOS (uns que se colocam na língua) e um lenço para meter à volta da boca e do nariz quando o pó começava a levantar. Enfim, imaginem só o seguinte cenário: irem comigo, de carro, na Primavera, para um concerto de Rock. Era uma experiência maravilhosa: para mim e para quem estava comigo.

 

Bom, numa tentativa desesperada de ganhar alguma qualidade de vida, andava constantemente a tomar medicação, com tudo o que isso representava: eu não adoro tomar comprimidos e estes, normalmente, dão sono, muito sono. Vamos fazer um jogo: digam-me um nome de anti-histamínico – aposto que o conheço e que sei a sua bula de cor.

 

Fui a milhares de especialistas (querem continuar o jogo: digam-me um nome de um alergologista – aposto que o conheço) e as alergias aqui continuavam sendo que, ocasionalmente, estavam camufladas com a medicação que tomava mas, muitas vezes, a mostrarem-me quem é que, de facto, mandava na minha vida.

 

Quando, há sensivelmente um ano mudei a minha alimentação, estava longe de imaginar que uma das consequências diretas fosse ficar praticamente curada das minhas alergias. Só não digo completamente curada porque se, por um lado, ainda não acredito que estou curada, por outro, o pingo no nariz ainda se mantém, em menos quantidade, é certo, mas ainda se mantém.

 

Na verdade, quando Hipócrates, o pai da medicina, referiu a frase da imagem acima (que já tive a oportunidade de partilhar mais vezes aqui no blog), ele não estava a mentir.

 

Andamos, muitas vezes, pelos caminhos mais fáceis (pagamos a médicos, compramos medicamentos, fazemos tratamentos) e, por vezes, não ficamos curados, apenas camuflamos sintomas, sem espreitar a génese da questão.

 

Se partilho esta história aqui no blog é porque acho fundamental falar-se da alimentação saudável (e não referir apenas a sua consequência mais visível - perda de peso) e abordar o seu trabalho na prevenção de determinadas doenças.

 

Se deixássemos de comer tanto alimento processado e de má qualidade, veríamos melhorias significativas em nós. Garanto-vos!

 

Com este texto, não digo para deixarem de ir a médicos (o ponto não é, de todo, esse!). Apenas refiro que, se cuidássemos mais do que comemos, muitos dos problemas que temos, simplesmente, não existiam. Pensem nisto. 

Qua | 25.10.17

Sobre a Newsletter - lembrete :)

Catarina Duarte

Faz amanhã um mês que comuniquei que iam começar a chover Newsletters (calma – tenciono só lançar uma por mês) relacionadas com este blog e com aquilo que, no geral, faço na minha vidinha.

 

A primeira Newsletter foi dedicada à formação que é, na verdade, uma área que gosto muito. Se a formação estiver ligada à escrita, então, nem se fala!

 

Se perderam a primeira Newsletter mas estão cheios de curiosidade e querem muito apanhar a segunda (não ponham as expectativas lá muito em cima, ok?), é só subscrever.

 

Para tal, têm que ir à barra lateral do blog e introduzirem o vosso e-mail no link disponível para o efeito. É muito simples e rápido!

 

A segunda Newsletter está quase, quase a sair!

 

Encontramo-nos lá?

Qua | 25.10.17

Stranger's Kiss.

Catarina Duarte

Tinha a vaga ideia de já ter partilhado aqui esta música. Andei a pesquisar no histórico e não a encontrei. O que é uma pena porque, tanto a música, como o filme, merecem a partilha. Aqui estou eu a repor o equilíbrio: espero que gostem.

 

 

Bom dia.

❤︎

Qua | 25.10.17

As escadas que subiam e desciam mesmo estando paradas.

Catarina Duarte

As escadas, que subiam e desciam mesmo estando paradas, cumpriam, como podem concluir, a essência da sua existência. Parece elementar e dá até ares de serem umas escadas minimamente terrenas (o que é verdade) apenas pela forma óbvia com que cumpriam o seu propósito.

 

Dona Aurora, pelo contrário, esforçava-se por não cumprir o seu desígnio. De farda tão laranja como as laranjas que cobriam o expositor à entrada, nunca soltava um sorriso, nem tão-pouco um risinho mal-amanhado a fingir alguma delicadeza. Ficava, assim, aquém da simpatia necessária para servir uma boa italiana aos clientes que por ali cirandavam.

 

Num corrupio que girava e girava, a Dona Aurora, entre lavar as frutas que adornavam a vitrina gasta e orientar um arroz doce demasiado amarelo, atendia os poucos clientes da manhã, aqueles que intervalavam pedidos de bicas (que, justiça seja feita, saiam sempre cremosas) com garrafas de água fresca.

 

A Dona Hortense, irmã envelhecida da Dona Aurora (mas, nem por isso, mais velha), quedava-se a lambuzar, ao balcão, um determinado doce de colher, demasiado doce para o período da manhã em que se encontrava e soltava, de forma jovial, o bem aparecido “bom dia” que deveria sair, em primeira instância, da boca da irmã.

 

As escadas, que subiam e desciam mesmo estando paradas, cumpriam, de forma silenciosa, o princípio da sua existência, num local onde nada fazia sentido (nem as laranjas tão laranjas, nem o arroz doce tão amarelo, nem o doce de colher comido no período da manhã, muito menos a simpatia atribuída ao ser errado), para além delas mesmo.

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