Últimos dias de 2017.
Por aqui, tudo tranquilo, a aproveitar, com calma, os últimos dias de 2017. Hora de balanços e de planear um 2018 de estrondo (nunca desejem menos do que isso para vocês)! Bom 2018 a todos!
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Por aqui, tudo tranquilo, a aproveitar, com calma, os últimos dias de 2017. Hora de balanços e de planear um 2018 de estrondo (nunca desejem menos do que isso para vocês)! Bom 2018 a todos!
Ultimamente, tenho lido muitos textos sobre educação. Não que os tenha procurado propriamente, mas têm surgido no meu feed (não perguntem!). Talvez devido ao Natal, talvez porque sinto haver uma análise geral sobre o tipo de educação que pretendemos dar, quais os valores fundamentais que pretendemos transmitir, noto que há muita gente a escrever ou a debater este tema.
No outro dia, cruzei-me com uma opinião do Rodrigo Guedes de Carvalho que me despertou imensa curiosidade e quis, então, ler mais sobre o assunto. Dizia ele que a forma abebezada com que os pais tratam as crianças hoje em dia, talvez para compensar o pouco tempo que passam com elas, leva a que se estivesse a criar uma geração de miúdos que não sabe lidar com a rejeição.
Sempre achei interessante a forma como os traumas dos pais podem moldar a personalidade dos filhos ou definir a sua forma de ser.
O peso que os pais acarretam por não passarem tempo de qualidade com os filhos, pode fazer com que eles se tornem mais permissivos na hora de educar? Não tenho, propriamente, um enorme conhecimento nesta área, mas eu diria que sim, que isso pode ser uma consequência lógica.
Conheço alguns miúdos que não lidam bem com o “não”, que têm reações tempestivas e descompensadas quando são contrariados, que não são sensatos nem coerentes nos comportamentos que têm.
Na verdade, não tenho dados suficientes para afirmar isto mas diria que, em primeira instância, os pais não terem colocado limites quando o deviam ter feito, não terem ensinado que, se calhar, não se pode ter tudo e que é boa ideia respeitar-se os outros, pode ter sido a razão, talvez a principal razão, para os filhos terem este tipo de comportamentos.
Qual a vossa opinião?
Opinião:
Lá muito de vez enquanto, dá-me para fazer coisas temáticas, como foi o caso da leitura deste livro: um livro com três contos sobre o tema Natal lido, claro está, nesta época natalícia.
Para quem ainda se encontra de férias (ou vai entrar, como é o meu caso) aqui fica uma sugestão para estender mais um pouco o espírito de Natal até, quem sabe, ao ano novo.
Não sendo, estes contos, os mais fantásticos contos alguma vez escritos (na minha opinião), são contos bonitos, com boas mensagens mas, também, realistas, muito realistas e eu gosto disto: gosto que não me enganem nos comportamentos humanos, como se eu fosse a ave rara e as personagens dos livros os seres perfeitos – sempre gostei de personagens realistas e estas, apesar de tudo, são.
Gostei muito desta passagem:
Gostei muito da ideia que apenas a crueldade deliberada é um pecado imperdoável. A outra crueldade, aquela que surge porque somos apenas humanos, que nasce do facto de existirmos e agirmos na normalidade do dia-a-dia, não deixando, na minha perspectiva, de entrar no campo do pecado, pode ser compreendida, falada, e, até, perdoada.
Qual a vossa opinião?
Rating: 3/5
Há sempre uma certa ressaca pós Natal, depois dos presentes terem sido abertos e assim que as casas ficam vazias. A casa ainda está quente, os doces ainda estão na mesa e os embrulhos, espalhados pelo chão, ainda estão por apanhar. Não vos desejo um Feliz Natal, isso seria estúpido, agora que ele se foi. Desejo-vos algo muito mais difícil mas muito mais sereno (quando alcançado): uma Feliz Ressaca Pós Natal e um brinde às boas pessoas.🥂
Deixo-vos aqui mais uma participação minha no projecto Páginas Partilhadas.
O tema lançado, desta vez, foi "Luz".
"Nos dias em que a luz encerra a escuridão do que quero, chove. Nesses dias, basto-me para mim. Não sou suficiente; ultrapasso-me: mal me consigo aguentar. Poupo os outros: já basta a luz falhar lá fora, a chuva ferrar qualquer imagem, não os vou obrigar a verem uma alma apagada."
Podem ler o texto completo aqui.
Espero que gostem!
(fotografia tirada pela minha prima Margarida - instagram @shadowplay35)
Eu ainda tenho bastante trabalho mas já só quero o quente da minha casa (a custo, mas lá consegui aquecê-la).
Já só penso em não sair da manta do meu sofá (óbvio que isto é uma utopia: a véspera e o dia de Natal serão em minha casa, por isso, trabalho não vai faltar), nos licores que comprei para a época e nas sobremesas que pela nossa porta vão entrar.
O bacalhau (que ainda não está de molho) parece ser excepcional e as entradas vão ser mais para o saudável (há que compensar umas coisas com as outras). Também não vai faltar o café em pó, nem o chá quente.
Sou feliz com o quente que a comida transmite e assim ficava, neste estado de quase transe, durante uns valentes dias.
Claro que ainda falamos mas fica já aqui os votos de um Feliz Natal a todos os que me seguem.
Obrigada por estarem desse lado - não vos vejo mas sei que estão aí.
É mesmo para vocês que este canto existe!
❤︎
Imagino, muitas vezes, Lisboa como uma senhora alta, de silhueta fina e de rosto delicado. Imagino a sua tez luminosa a refletir o sol que lhe entra pelos poros adentro.
Na minha imaginação, Lisboa tem sempre um colar de pérolas de duas voltas ao pescoço e os seus gestos, esses, são contidos. As pessoas gostam dela porque o seu esmero, em receber, é grande. Tem dedicação nos detalhes. Tem educação no trato.
Lisboa é graciosa.
Mas imagino-a também, muitas vezes, sozinha.
Lisboa recebe as pessoas em sua casa, abre-lhes a porta e serve-lhes o seu melhor prato regado com o seu melhor vinho. As pessoas vêm de fora para a ver, para a cheirar, para a provar e, depois, largam-na.
A noite cai e adormece sozinha, no seu quarto frio, na sua cama vazia.
A pergunta que fica é sempre esta: quando todos saírem, o que restará da nossa Lisboa?
No outro dia, aconteceu-me uma situação algo estranha.
Entrei num determinado restaurante onde temos que pedir ao balcão e, só depois do pedido estar terminado, é que nos dirigimos para a nossa mesa. Eu estava, obviamente, de pé. Atrás de mim, as mesas estendiam-se todas. O restaurante não é muito grande nem, na verdade, muito pequeno: deve sentar umas cinquenta pessoas mas, àquela hora, só lá estava eu e mais um rapaz sentado numa das mesas mesmo atrás de mim, de costas para a janela, sem nada à sua frente excepto um caderno e uma caneta.
Vim a perceber depois que esperava por um amigo ou, talvez, por um colega ou cliente, dada a cerimónia que senti fazer quando o outro chegou, atrasado, desculpando-se. O do caderno referiu, muitas vezes, que não fazia mal, que acontecia a qualquer pessoa.
Enquanto esperava pelo amigo ou colega ou cliente, escrevia e desenhava num caderno. Não estava alheado do mundo, levantava a cabeça muitas vezes, até. Em busca, talvez, de inspiração, não faço ideia.
O rapaz que esperava fazia, exactamente, aquilo que eu faço, enquanto espero por algo ou alguém: saco do meu caderno e escrevo o que vejo, as palavras que ouço, as expressões ou os nomes que me interessam.
O rapaz que esperava viu-me entrar, esperar de pé a minha vez de ser atendida, achou, provavelmente, interessante o meu casaco comprido ou as minhas botas novas. Considerou, talvez, o meu timbre engraçado ou estranho, e que a conversa que se desenhou entre mim e o senhor que registava o meu pedido tinha potencial de tão simples que era.
E escrevia. Senti-me observada, registada, até. Mas percebi. Na realidade, é assim que, todos os dias, alimento as minhas frases.
No final do dia, temos que ser uns para os outros.
Aqui há uns meses, quando escrevi o meu texto sobre a polémica da Porto Editora, uma pessoa escreveu, de forma algo maldosa até, uma série de considerações sobre mim sem nunca se debruçar sobre a minha opinião.
Posso considerar que esse foi o meu primeiro hater que tive na vida e, desde então, nunca mais soube nada dele.
No texto que escrevi, eu liguei a polémica da Porto Editora ao tema liberdade de expressão. Podia ter falado do assunto de inúmeros prismas mas optei por esse. Porque acho importante falar-se e falar-se e falar-se deste tema, até à exaustão, para que as pessoas não se esqueçam nunca que não há liberdade de expressão com mas e que pessoas que dizem “eu sou a favor da liberdade de expressão mas o Charlie Hebdo foi longe demais”, são pessoas que, obviamente, não são a favor da liberdade de expressão.
Bom, mas, dizia eu, no meio do comentário do meu hater, ele dizia que não percebia como é que eu era a favor da liberdade de expressão e tinha os comentários moderados no blog, aprovando apenas aquilo que eu queria aprovar (que, normalmente, é tudo).
Ele não percebia e eu não lhe expliquei porque tenho por regra não dar visibilidade a gente que, em vez de argumentar uma ideia ou uma opinião, maltrata o detentor da mesma.
Atenção: eu não debati a sua questão (até, de certo modo, legítima) porque a mesma estava incluída num comentário bastante maldoso, agressivo e despropositado.
Mas, bom, hoje esbarrei neste texto (que vale muito a pena ler na íntegra) do João André, do blog Delito de Opinião, e ele explica, concretamente, aquilo que eu devia, se Deus me tivesse dotado de mais paciência, ter explicado quando o meu primeiro hater me questionou.
Deixo aqui a parte respeitante à moderação de comentários:
Já não gosto de gravatas. Sei o seu peso. Sei a sua formalidade. Conheço de cor a sua importância. Com a gravata vem sempre uma pseudo superioridade intelectual que, muitas vezes, tantas vezes, não passa disso mesmo, de uma pseudo, enganadora, falsa superioridade intelectual.
Outras vezes, não falamos em pseudo superioridade porque existe, de facto, essa mesma superioridade intelectual, o que quer que ela, de facto, signifique.
Com as gravatas, com os fatos iguais, vincados, lavados a seco, vem também a postura. Uma postura que tem tanto de altiva como de pouco criativa. Uma forma de pensar e trabalhar correta e em linha, com os travões a travar nos momentos certos e o acelerador a rodar quando tem que o fazer.
As gravatas e os pescoços pálidos que lhes dão suporte, as caras sebosas do cansaço do dia, o cheiro pesado de quem passou o dia, em reuniões importantes, em salas sem luz, são tudo, tudo farinha de uma sociedade opaca, cinzenta onde se valoriza o percurso correto, o saber estar, o saber ouvir e, tão ou mais importante, o executar corretamente e de acordo com os procedimentos.
Percebi que as gravatas eram sinónimo disto tudo e, nesse momento, só as tolero em dias de casamento porque, aí e só aí, revestem contornos de alegria e amizade e amor.