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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Ter | 27.11.18

Opinião - O Método Kominsky.

Catarina Duarte

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Aparece, ocasionalmente, uma série ou um filme que tem a capacidade de nos pontapear nos sítios que julgamos mais protegidos. Vocês já me conhecem e sabem que este tipo de séries e filmes são os meus preferidos – são aqueles que nos obrigam a debruçar sobre as nossas angústias de forma directa e sem qualquer pudor.

 

Há um lago fundo e negro, bastante fundo, bastante negro, onde me afogo mais vezes do que aquelas que gostaria, que é a noção de que, se tudo correr bem, vamos ver os nossos envelhecer, perder todas as capacidades e morrer, e que, ficaremos também nós sem amigos, sem a nossa família, sem também aquela família que tem a nossa idade, e, por fim, sem nós próprios (porque perdermos, por fim, "nós próprios", para nós, é sempre o final de tudo). Nós também iremos morrer.

 

O contraste frequente entre o que somos quando envelhecemos e o que fomos nos nossos tempos gloriosos, a noção clara de que os jovens não têm a mínima noção do que lhes vai acontecer, a ligeireza e superficialidade com que encaram a vida, como se fossem passar despercebidos nisto que a vida nos reserva, é o tema – um dos temas – que esta série pretende aprofundar. Quando somos jovens, ignoramos toda e qualquer fatalidade da vida.

 

Esta série tem um Michael Douglas envelhecido, como seria de esperar ou não tivesse ele 74 anos, mas (ao mesmo tempo) extremamente jovial, tem um Danny DeVito que é urologista (e só isto já nos dá vontade de rir) e tem um Alan Arkin sarcástico e irresistível.

 

Mas não se fica por aqui: tem todo o choque que o envelhecimento nos provoca: a perda da pessoa da nossa vida, o trabalho que desaparece, as doenças e a total inexistência de sentido para cá continuarmos. E tem também e sempre a amizade. Fala muito sobre amizade.

 

Escrito e representado com humor, com sarcasmo e sempre com dureza.

 

Está disponível na Netflix e recomendo imenso.

 

E vocês, já viram? O que acharam?

Ter | 20.11.18

O café com açúcar devia ser mais caro.

Catarina Duarte

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Há já algum tempo que ando a pensar sobre isto.

 

Economicamente falando, não faz sentido que uma pessoa que beba café sem açúcar pague o mesmo que uma pessoa que beba o seu café com açúcar.

 

Por outro lado, esta situação pode levar (e leva) a que muitas pessoas que, quando estão a beber o seu café, não queiram açúcar, aproveitem esta oferta para levarem o pacote para casa, quando não é, de todo, essa a ideia do pacotinho que emparelha a chávena.

 

Mas, para mim, o ponto principal nem é esse. É mesmo o facto de, com tantas e tantas ideias para se reduzir o consumo de açúcar, nunca ninguém se ter lembrado disto.

 

Claro que não é aquele pacote de açúcar, individual, que nos vai matar. Mas aquele pacote de açúcar somado ao pacote de açúcar do café da tarde, adicionado ao pedaço de açúcar que usamos quando acompanhamos o almoço com aquela bebida gasificada que não dispensamos, mais o pedaço de açúcar do bolo do lanche, tudo isso contribui, e de que maneira!, para nos tornarmos autênticos viciados em açúcar.

 

Para além disso, resta-me dizer que, quem gosta mesmo de café, ao contrário do que significa BICA, bebe-o sempre sem açúcar.

 

Qual a vossa opinião?

Sex | 16.11.18

Sugestões para o fim-de-semana.

Catarina Duarte

Vai ser um fim-de-semana chuvoso e que tal se, em vez de o passarmos nas nossas 4 paredes, aproveitarmos para fazer uns programas (também eles indoors e, portanto, totalmente protegidos) diferentes?

 

Seguem duas sugestões que vou seguir, caso os astros se alinhem:

 

- Ver o filme “A Star is Born” – um filme escrito, realizado e desempenhado por Bradley Cooper, onde entra a Lady Gaga. Sou sincera, o facto de entrar Lady Gaga é meio caminho andado para eu perder toda e qualquer motivação para o ver, mas umas amigas garantiram-me que eu ia gostar. Estou bastante curiosa!

 

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- Ver a exposição “Quel Amour!?”, no Museu Coleção Berardo. - Já ouvi falar bem e já ouvi falar mal desta exposição. Nada como ver pelos próprios olhos.

 

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Já viram o filme ou viram esta exposição? O que acharam?

Têm programas para a troca?

Seg | 12.11.18

Sexo e a Cidade 2 – um filme cheio de Girl Power.

Catarina Duarte

Este fim-de-semana revi o filme Sexo e a Cidade, aquele que se passa em Abu Dhabi. Pode parecer um acontecimento irrelevante, afinal não falamos propriamente da obra-prima do cinema, mas não é: tive mesmo a perceção que os olhos que, desta vez, o viram, pouco têm a ver com aqueles que o viram há 8 anos, na sua estreia.

 

Eu sei que mudei, claro que sim, mas será que mudei assim tanto, ao ponto da minha análise ao filme ter sido totalmente diferente? Não, não me parece.

 

Então, o que é que mudou? Mudou o Mundo e mudou toda a nossa perceção do feminismo e do Girl Power: hoje o filme faz muito mais sentido do que há 8 anos atrás - o que me leva a concluir, inevitavelmente, que, na época, era um filme quase progressista, apesar de toda a sua ligeireza e futilidade.

 

O Mundo mudou imenso e conseguimos facilmente identificar as cenas cheias de Girl Power que estão reflectidas ao longo do filme. Cenas que, na altura, me passaram completamente ao lado.

 

Resumi algumas:

 

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‑ A cena em que a Samantha aparece na Red Carpet com o mesmo vestido do que a Miley Cyrus que é muito mais nova do que ela. Perante o constrangimento da diferença de idades, Miley Cyrus agarra-se à Samantha, tirando fotografias, abraçando o lema, sem qualquer receio ou pudor, que as miúdas de jeito suportam-se umas às outras;

 

 

- A mítica cena do karaoke, com o tema “I am woman”, em que diferentes raparigas do público, perante a actuação das 4 amigas, se vão levantando, sentido verdadeiramente o que a música pretende transmitir:

 

Oh yes, I am wise
But it's wisdom born of pain
Yes, I've paid the price
But look how much I gained
If I have to, I can do anything
I am strong
(Strong)

I am invincible
(Invincible)
I am woman

 

- A cena em que a Miranda reconhece que, no anterior emprego, os problemas que tinha com o chefe eram apenas relacionados com o facto dele não querer que ela tivesse uma voz, apenas por ser mulher. Ao mudar de emprego, percebe que até é uma pessoa divertida no seu novo local de trabalho;

 

- A cena (quase final) quando as mulheres de Abu Dhabi salvam as 4 amigas e, no meio de uma loja de flores, após uma cena que mete a Samantha e preservativos a voarem em pleno souk, percebem que têm todas muito mais em comum do que julgavam ter. Pertencem a mundos opostos (New York e Abu Dhabi), com vivências, problemas e questões diferentes, mas, na essência, lêem o mesmo livro, têm o mesmo gosto pela moda, e passam pelos mesmos problemas (como a menopausa).

 

E vocês? Viram o filme? Aperceberam-se destas mensagens? Não consideram que estamos hoje mais despertos para o tema?

Ter | 06.11.18

Japão - Dicas e Experiências Obrigatórias.

Catarina Duarte

 

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Há muito tempo que o Japão fazia parte da lista de prioridades, no que às viagens diz respeito, do Ricardo. Não é que eu andasse a adiar a coisa, claro que não, mas andava mais virada para outros lados.

 

Então, lá chegou a altura e, com relativa pouca antecedência, comprámos as nossas viagens para aquela que seria umas das nossas melhores viagens.

 

Tenho a dizer que o Japão é mesmo um país de outro mundo apesar de, tecnicamente, pertencer a este. É um país ordeiro, organizado e os japoneses têm uma educação extremamente cuidada, que se nota na mais básica situação do dia-a-dia.

 

Fui escrevendo, ao longo da viagem, pequenos textos que ia partilhando no instagram, como este de que tanto gosto:

 

Hoje fui ao Starbucks tomar um café. Às tantas, numa das mesas ao nosso lado, estava um grupo relativamente grande para os padrões normais. Percebi que o tema era trabalho e que, à mesma mesa, se juntavam um par de americanos e um par de japoneses. Quando se levantaram, os japoneses, como habitualmente fazem, levantaram os seus copos, os seus pratos, passaram um guardanapo pela mesa e saíram. Um dos americanos deixou o seu copo em cima da mesa, a sua cadeira para trás, e seguiu caminho. Um dos japoneses do grupo, que tinha ficado para último, voltou para trás e levantou-lhe o copo (que colocou no lixo), empurrou a sua cadeira e limpou um pedaço de café que tinha caído na mesa. Se o grau de higiene, no Japão, é indescritível, também se pode dizer que o grau de respeito é imenso, isto porque, assim que o japonês se aproximou do americano esquecido, continuou a conversa interrompida, sem sequer referir que, no Japão, o costume é deixar tudo limpo antes de sair.”

 

Os japoneses respeitam os mais velhos mas também não se esquecem dos mais novos. É um país limpo, onde a higiene é levada mesmo a sério - quase que dá para andar descalço nas casas-de-banho mistas dos comboios (claro que ninguém vai fazer isso, é só para perceberem o grau de limpeza a que me refiro).

 

Mas são, também, um povo muito individualista e completamente virado para o trabalho. Andam sozinhos, mesmos nos cafés das cidades, e sempre agarrados à tecnologia. S-E-M-P-R-E.

 

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“Gosto muito desta fotografia porque mostra um cenário muito comum por estas bandas: os japoneses sozinhos, agarrados à tecnologia. Na rua, não se ouve qualquer grito nem as conversas são tidas num tom mais alto. Raramente se ouvem gargalhadas. São muito cordiais, simpáticos e hospitaleiros. Mas não são, na maior parte do tempo, festivaleiros. São muito individualistas na forma como vivem a vida. Talvez isso seja uma das explicações para uma das mais baixas taxas de natalidade do Mundo”

 

Depois há todo um outro lado que contrasta com a pacatez dos seus dias: o lado dos jogos, do barulho ensurdecedor das salas de pachinko, da manga, anime e, claro, do karaoke.

 

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Um país de extremos, sem dúvida. Um país muito focado no detalhe:

 

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Agora uma novidade: fora a viagem e os transportes, consegue-se ter uma vida relativamente barata no Japão. Sim, é verdade. Então se compararmos com os preços praticados com Lisboa, ficariam admirados com o preço das refeições, por exemplo.

 

Reuni duas dicas que considero fundamentais para quem pretende viajar até à Terra do Sol Nascente. São elas:

 

- O transporte é caro mas de excelente qualidade. O meio de transporte preferencial para nos deslocarmos é o comboio/metro. É importante, por isso, comprar o Japan Rail Pass – encomenda-se antes da viagem e entregam em casa. Este passe dá para comprar para 7, 14 e 21 dias e é destinado a turistas. Pode-se activar em qualquer altura da nossa viagem mas convém, antes de o comprar, construir o roteiro. Nós comprámos para 14 dias e activamos logo no primeiro.

 

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- A fluência em inglês, no Japão, é parca ou inexistente e, por isso mesmo, é obrigatório alugar-se um Wi-Fi portátil para conseguir aceder online a todas as informações, sem estramos dependentes da comunicação. Alugámos três dias antes da nossa partida (foi um bocadinho em cima, admito). Quando chegámos a Tokyo, fomos a um balcão, levantámos o Wi-Fi portátil e no, último dia, devolvemos. “Organização” – uma palavra que descreve muito bem este país.

 

 

Agora vamos falar de algumas experiências que considero obrigatórias (sendo que, claro, cada um ajusta ao que mais gosta de fazer):

 

- Dormir num Ryokan – Os Ryokans são tradicionais no japão e uma forma muito original de passar a noite. É difícil arranjar Ryokans nas grandes cidades (devido ao facto do preço do metro quadrado ser elevadíssimo) mas quando estiverem a desenhar a volta pelo Japão, tentem incluir, pelo menos uma noite, num hotel do género. Não se vão arrepender.

 

- Vestir um kimono – Pode parecer insignificante mas é uma experiência muito gira, afinal, as roupas e os trajes fazem ou não fazem parte da cultura de um povo?

 

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- Andar no comboio-bala (Shinkansen) – Não vão conseguir fugir a esta experiência se tiverem que movimentar dentro do Jaoão. É um comboio de alta velocidade e uma experiência diferente de tão calmo, rápido e limpo que é.

 

- Provar um gelado de chá verde – Há em todo o lado e, mesmo não sendo particularmente fã, faz parte do pacote.

 

- Experimentar o mais possível da gastronomia japonesa - Possivelmente, se se falar em gastronomia japonesa, só pensam em Sushi e, no limite, em Ramen. Mas – garanto-vos - é muito mais para além disso! O Japão tem, na sua ementa, as melhores carnes do mundo (claro que já ouviram falar dos bifes Kobe) e as espetadas mais deliciosas (como as Yakitori).

 

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- Ficar a dormir num hotel-cápsula – Nós, na verdade, ficámos numa espécie de hotel cápsula chamado Book and Bed (há em Kyoto - onde ficámos - mas também em Tokyo). É uma experiencia muito diferente.

 

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- Assistir ao leilão de atum no mercado Tsukiji – Assistir ao leilão de atum no maior mercado grossista de peixe do mundo é uma experiência que recomendo mesmo muito. O mercado vai mudar de local, o que é uma pena. O Japão consome 25% do atum de todo o mundo. É, de facto, impressionante e uma experiência a não perder.

 

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A principal mensagem talvez seja termos consciência que vamos mesmo deixar muita coisa por ver/fazer. Mas, claro, isto não passa do argumento perfeito para voltar a este país maravilhoso.

 

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 Ainda vão sair mais dois textos sobre este país maravilhoso. Preparados?