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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Qui | 20.12.18

Uma quase conversa de elevador.

Catarina Duarte

Talvez seja este quase Inverno que não está tão frio, este ar que não está tão húmido, esta ausência de frio que me prometeram com a gravidez e que se veio a confirmar verdadeira. Talvez seja isso ou apenas a plenitude de conseguir viver e de colocar as coisas nos seus devidos lugar como se de uma arrumação de louça nas devidas gavetas se tratasse.

 

Valorizo muito quem se consegue afastar das questões a uma distância suficientemente segura que lhe permita decidir bem, sem peso na consciência nem arrependimento posterior. Talvez, aos poucos, esteja a conseguir fazer isso de forma mais consciente. Talvez não seja a ausência de frio que estejam a contribuir nem tão pouco o meu termostato estar ligeiramente alterado por causa da gravidez. Talvez seja um bónus da idade: a lucidez que sempre vem agarrada a ela.

 

Talvez.

Qua | 19.12.18

Opinião: The American Meme.

Catarina Duarte

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Ontem, entre o cancelamento de um jantar de Natal e o estado de preguiça em que me encontrava, comecei a ver um documentário, disponível na Netflix, chamado “The American Meme” que, basicamente, retrata a vida de algumas das pessoas que vivem e ganham dinheiro por partilharem as suas vidas nas redes sociais e que são viciadas nos likes e que não vivem sem a aprovação dos outros.

 

Não é um documentário brilhante e até achei que focou, este assunto, bastante pela rama, que tinha, na verdade, muito por onde ser explorado, mas fala-nos de exemplos concretos, como a Paris Hilton, Brittany Furlan que está noiva do Tommy Lee, o ex da Pamela Anderson, e de Emily Ratajkowski (Emrata, para os amigos).

 

Este documentário fala da velocidade com que as imagens se propagam na internet e em como estamos todos sedentos por histórias bizarras, memes hilariantes, situações estranhas e vidas exageradas. Na verdade, quanto mais bizarra for a situação, mais nós gostamos, o que origina que sejam criadas sempre mais e mais novidades e episódios insólitos, como aquelas que nos fornece o The Fat Jewish.

 

Mas foca também a solidão, num mundo cheio de fãs e de pessoas que nos adoram e que pretendem a nossa presença em todo o lado. No final do dia, há uma cama para dormir, um estilo de vida totalmente solitário sem espaço para a criação de, por exemplo, uma família, de estabilidade emocional e de paz.

 

Algumas destas pessoas são fenómenos da internet e, como fenómenos que são, podem ser rapidamente substituídos, quando as agulhas do que é novidade se voltarem para outra coisa qualquer que desperte mais interesse do público. Tudo isto, na internet, é demasiado frágil, demasiado rápido, demasiado fraco.

 

E depois? Bom, depois, ou utilizaram estas plataformas, esta democratização que a internet permite, em prol de algo realmente útil, ou vão cair rapidamente no esquecimento de todos.

 

Vejam. Não esperem um documentário espectacular mas dá para ter uma ideia muito concreta do que é este mundo onde, com mais ou menos incidência, todos pertencemos.

 

Já viram? Gostaram?

Sex | 14.12.18

Vamos acabar o ano em beleza com esta boa (tão boa!) novidade?

Catarina Duarte

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Ponderei bastante antes de partilhar esta notícia convosco. Ponderei tanto que já vou com mais de 5 meses de gravidez. Se, por um lado, queria fazê-lo por uma questão de honestidade para com quem me lê, por outro, tive (e tenho) muito medo que julguem que este humilde blog que tanto estimam se venha a transformar num baby blog. Não vai – adianto-vos já. Gosto baby blogs só não é a minha cena no que à escrita diz respeito. Não prometo, porém, não escrever sobre algumas das questões desta fase, sempre naquele registo a que já vos habituei.

 

Pois é, estou grávida – estamos muito, muito felizes – e vamos ter um miúdo querido. :)

 

Uma coisa eu tinha a certeza: a partilhar neste meu lado mais digital queria muito fazê-lo aqui antes de partilhar em qualquer outro lado, em jeito de agradecimento pela companhia, pela partilha, pelas palavras sempre tão amáveis e porque, no final do dia, não fazia mesmo sentido ser de outra forma.

 

Um Feliz Natal para todos!

Sex | 14.12.18

Estabelecimentos sem multibanco: não dão jeito nenhum.

Catarina Duarte

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Normalmente, fora uns trocos mal paridos que me deformam as carteiras todas, não ando com dinheiro. Pesam-me na mala, não adoro a ideia de tocar em dinheiro, e não tenho pachorra para o ir levantar. Não tenho nenhuma situação na minha vida em que seja necessário pagar em dinheiro e, mesmo os parquímetros que habitam na cidade de Lisboa, permitem o seu pagamento através da aplicação, o que me facilita imenso a vida.

 

Percebo perfeitamente o finca-pé que existe perante as instituições bancárias, quando elas nos bombardeiam com comissões e taxas incompreensíveis que mais não passam de argumentos confusos para nos sacarem dinheiro, e que leva algumas lojas e comércio mais tradicional a não aceitar o pagamento por multibanco.

 

Não entendo, porém, que perante a ausência da opção de pagamento por multibanco em loja (o que, naturalmente, já origina eu ter que ir levantar dinheiro, quer faça sol, chuva ou vento), alguns estabelecimentos não tenham trocos com fartura.

 

Uma pessoa desloca-se para levantar 20€ para pagar meia dúzia de mercearias, a conta dá 4€ e ainda leva com a pergunta: “posso ficar-lhe a dever 1€?”.

 

Não, não pode. E não, também não vou trocar dinheiro a outra loja (quer faça sol, chuva ou vento).

 

Sou totalmente solidária com as vossas razões para acabar com os multibancos mas isso, na minha perspectiva, não pode afectar o bem-estar do consumidor. E, se já afecta quando tenho que pensar em ter dinheiro físico disponível, não me podem ficar com valor só porque não aprovisionaram convenientemente o troco.

Ter | 11.12.18

3 livros perfeitos para oferecer neste Natal.

Catarina Duarte

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Cá estou eu para mais um texto com sugestões de livros para oferecer no Natal. Alguns deles foram leituras minhas neste ano e gostei tanto mas tanto que não tive como não os incluir nesta lista.

 

Quando não sabem o que oferecer, lembrem-se que há sempre um livro para cada um de nós e que, se conhecemos a pessoa em causa, tenho a certeza que ela vai sempre amar o livro que vai receber.

 

Vamos lá às sugestões:

 

“O que sabemos do amor”, de Raymond Carver – Este livro é ideal para quem vive com dúvidas sobre o que é isto do amor e que não dispensa um livro com força, brutalmente bem escrito.

 

O conto “Principiantes” tem uma descrição do que é o amor que é absolutamente deliciosa pelo realismo que representa. Fala sobre o quanto amamos quem hoje temos ao lado, o quanto amámos quem por nós passou, a forma como não conseguimos compreender como amámos tanto quem connosco viveu e, especialmente, a nossa capacidade de acabar e de recomeçar.”

 

A opinião completa está aqui.

 

“O meu nome é Lucy Barton”, de Elizabeth Strout – Este livro é perfeito para todas a mães e filhas. É um livro pequeno, com uma narrativa curiosa que nos toca de uma forma comovente.

 

“O que é que eu mais gostei do livro foi o facto de ele ser bastante contido nas palavras, na tentativa de transmitir uma ligeireza que não é real. É um livro limpo, no que à narrativa diz respeito. Gostei também das conversas leves que mãe e filha mantinham, quando relatavam o passado e faziam pontos de situação constantes com o que lá atrás tinha ficado, um passado meio esquecido mas sempre presente. Esta cumplicidade, apesar de toda a distância, física e mental, é interessante e bastante real.”

 

A opinião completa está aqui.

 

“O Triunfo dos Porcos”, de George Orwell – Este livro é ideal para quem se interessa por política. É um clássico que merece ser lido e relido.

 

“Esta fábula política tem como propósito picar os regimes totalitários, reforçando que dão sempre asneira, mesmo quando eles se iniciam sentados nos melhores valores, sublinhado todos os perigos dos mesmos, especialmente, o favorecimento daqueles que são mais fortes.”

 

A opinião completa está aqui.

 

Espero que tenham gostado das sugestões e que, neste Natal, ofereçam livros!

 

Já conheciam algum?

 

 

Seg | 10.12.18

Zona de conforto.

Catarina Duarte

Eu tento ter a mente aberta para determinadas situações e tento, em igual medida, sair da minha zona de conforto: ler livros que, à partida, reúnem todas as condições para deles eu não gostar, comer a mesma solha frita que me lembro dos tempos do refeitório do colégio, ou ver um filme dos irmãos Coen, como aquele que eu tentei ver este fim-de-semana chamado “A Balada de Buster Scruggs”.

 

Mas, na maior parte das vezes, concluo que tudo não passa de uma tremenda perda de tempo.

 

Valerá a pena mesmo assim?

 

Estaremos a ser inteligentes ao negar, à partida, situações que julgamos que não vamos gostar por representarem perda de tempo disponível para fazer coisas que, de facto, gostamos, ou devemos dar sempre este benefício da dúvida, mesmo que tenhamos a nítida sensação que nos estão a sugar largos minutos que poderiam estar a ser gastos noutras atividades?

Sex | 07.12.18

À sexta.

Catarina Duarte

À sexta tudo flui com ligeireza.

 

Para aqueles que são mal-educados, sorrimos e somos condescendentes. O trabalho é feito com facilidade e corre sereno. Até descontamos a tensão que o trânsito que nos provoca. A nossa compreensão pelo mundo aumenta. A nossa compaixão dispara. Sinto a nossa receptividade para com os outros como se de um grande abraço se tratasse.

 

Somos tão felizes à sexta.

 

Sentem o mesmo?

Qua | 05.12.18

Frio.

Catarina Duarte

Chega esta altura do ano e começo a ser invadida por aquela vontade incontrolável de me afundar num país quente: passar o ano em Moçambique, mergulhar em São Tomé ou dar um pulo até ao Brasil. Invejo-lhes sempre os pés quentes.

 

Tenho memórias muito felizes de todas as viagens que faço mas recordo com especial ternura aquele último dia do ano em que pisei o mar de Moçambique, quando descalcei as meias e os ténis que trazia de Lisboa, com o seu frio ainda entranhado nas suas fibras, arregacei as calças que usei durante o voo, e ali me deixei ficar naquele mar cálido e azul.

 

Eu sorria e sorria e sorria e ainda hoje o Ricardo se recorda do meu sorriso rasgado e sereno e feliz. Não havia tristeza capaz de o mudar.

 

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Seg | 03.12.18

Opinião: Crianças Felizes, de Magda Gomes Dias.

Catarina Duarte

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Terminei de ler o livro “Crianças Felizes”, de Magda Gomes Dias, autora do blog Mum’s The Boss. É um livro que retrata o tema da parentalidade positiva, algo muito falado ultimamente.

 

Confesso que estava bastante céptica quanto ao teor do mesmo e, não tendo eu ninguém para educar nem qualquer conhecimento na área de educação, tive algum receio de não entender o real propósito do mesmo.

 

Ainda assim, lá abracei esta aventura.

 

Posso dizer que é um livro que se lê muito bem, que nos fornece imensos exemplos práticos de situações reais, que reconhecemos à nossa volta, e que nos dá pistas e ajudas sobre como ultrapassar essas mesmas situações.

 

Fala da importância dos pais largarem os telefones e os gadgets e de se tornarem presentes na vida dos filhos. E como “presentes na vida dos filhos” não se entende os pais estarem apenas de corpo presente, como se de uns monos se tratassem. Não! Estarem “presentes na vida dos filhos” significa fomentar a escuta activa, envolverem-se nas brincadeiras, estarem atentos ao que a criança pretende transmitir, enfim, haver envolvimento entre as partes. Porque envolvimento gera empatia. E a empatia gera a verdade. E a verdade é tudo.

 

O livro foca também o conceito de respeito, aquilo que tantas vezes os pais se esquecem de ter em relação aos filhos sendo que não respeitam as suas personalidades. Gostei muito deste conceito porque, de facto, muitas das humilhações que vemos por ai com crianças advêm do facto dos pais não respeitarem a natureza dos filhos. Nem sequer pararem para pensar que eles não têm que ser iguais a eles.

 

Toca também num ponto importante que é o lugar dos elogios quando os mesmos são vazios e desproporcionados. Assumo que aquela ideia de elogiar só para calar a criança sempre me causou alguma espécie: “Está tão lindo o desenho” – quando sabemos que está péssimo. Quem já agiu assim? Isto só torna as crianças (futuros adultos) dependentes de elogios – é mesmo o que queremos?

 

Fala também sobre a dualidade assertividade/agressividade, sem ofensas ou apontar o dedo. Afinal, isto não é tudo aquilo que queremos que façam connosco?

 

A parentalidade positiva não é promotora de castigos ou palmadas porque, se é verdade que os castigos e as palmadas têm efeito imediato no curto prazo, também é verdade que não criam o conceito de responsabilidade na criança.

 

Apesar de reconhecer que, em momentos de stress, deve ser complicado agir da forma que esta corrente sugere, julgo que podemos aprender muito com o conceito e, eventualmente, encontrar aqui um meio-termo, sendo certo que o respeito pelo próximo, mesmo que se trate de um filho pequeno, deve sempre imperar.

 

Já leram? Gostaram?