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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Seg | 25.11.19

A Catarina que deu lugar à Mãe.

Catarina Duarte

A todos aqueles que a ele (ainda) não pertencem, aviso já que se trata de um mundo enigmático e ligeiramente esotérico. Chama-se Mundo da Maternidade e nada – nada – nos prepara para ele.

Há uma infindável lista de situações que se alteram no dia-a-dia de uma recém Mãe.

Estou aqui hoje para sublinhar apenas uma delas que, não sendo propriamente vital nem fundamental para o bebé, para a mãe, para o pai ou para esta unidade chamada família agora com um novo membro, é relevante na sua insignificância: a Catarina que deu lugar à Mãe.

Na farmácia, quando se vai com a roupa de Mãe, comprar coisas que uma Mãe, geralmente, compra, a pergunta passa sempre por: “A Mãe quer factura com número contribuinte?”; nos hospitais a que uma Mãe, habitualmente, vai, os médicos pediatras, as enfermeiras queridas, as administrativas prestáveis: “A Mãe tem dado as gotas ao bebé?”, “A Mãe trouxe o boletim de vacinas?”, “A Mãe tem o cartão do seguro de saúde do bebé?”; na escola que agora a Mãe frequenta (e não é por ter regressado às aulas), as frases giram em volta de: “A Mãe tem que trazer mais fraldas.”, "Mãe, precisamos de mais soro"; nas lojas de roupa que agora definem o padrão de consumo de uma Mãe, lojas essas que não terminam nem em Dutti nem em Lola, as interações giram à volta de: “A Mãe vai ver que este algodão é muito macio.”.

34 anos a viver na pele da Catarina para agora me vestir de Mãe. É diferente.

Se tiverem muita curiosidade, posso continuar, com muito gosto, a desembrulhar todos os pontos que compõem esta lista de alterações no dia-a-dia de uma recém Mãe. É espectacular.

Sex | 22.11.19

Razões divinas.

Catarina Duarte

Estava apenas alguma chuva mas o frio sentia-se com força. Reparei que uma pequena abertura entre duas nuvens deixava passar uns raios de sol. Não sei se por alguma razão divina mas incidiam precisamente no meu carro, aquecendo-me.

Ao quente do sol que, não sei se por alguma razão – repito - divina, me aquecia, assim que liguei o carro, juntou-se esta voz (que com vocês agora partilho) e que se desenhou corpulenta, abraçando-me, então, como talvez só os nossos o façam, e que eu – aqui me confesso - descobri tarde de mais.

Se ainda podia melhorar esta junção de factores, todos à mesma hora, neste dia frio de Novembro? Claro que sim – não estamos nós a falar de razões divinas?

Como muitas vezes, o óptimo pode sempre melhorar: aquecida fui, então, buscar o meu quente maior, agarrada à promessa que tinha acabado de fazer: introduzir ao meu filho, assim que estivéssemos juntos, a voz e a letra de Leonard Cohen.

E, como com promessas não se brinca, muito menos quando estas incluem divindades (aposto que, até nisto, os mais cépticos vão concordar): claro que a cumpri.