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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Qua | 21.06.17

A culpa não é das crianças.

Catarina Duarte

badalo.jpg

 

Eu tento não verbalizar muitas opiniões sobre a temática “educação de crianças”. Não o faço por ter algum tipo de receio das reação de quem me lê (apesar de reconhecer que é um assunto polémico) mas, sim, porque, na verdade, nós nunca sabemos que crianças nos irão sair na rifa, nem os extremos a que teremos que ir para domar uma potencial fera. 

 

Na semana passada, estava eu na praia, deviam ser umas cinco da tarde (hora em que a praia começa a ser invadida por crianças), ainda meio a dormir (acho que estava a acordar da minha sesta), começo a ouvir um sino. Na verdade, não era bem o som de um sino; mas, sim, o som de um badalo. Sim, leram bem, um badalo. Eu, pessoa que aprecia sossego, no geral, e nas férias, em particular, levanto a cabeça e deparo-me com uma criança, com os seus 4 anos (notem que posso estar, nesta fase do texto, a cometer um terrível engano, pois, de facto, adivinhar as idades dos miúdos não é propriamente o meu forte), acompanhada pelos pais, a baloiçar um pequeno badalo, daqueles em bronze, claramente trazido da casa de férias para entreter a pequena cria.

 

Notem que não tenho nada contra badalos. Contra crianças, até à data, também não. Portanto, este texto reveste de uma imparcialidade sem precedentes. Tenho, porém, algumas coisas contra pais que acham que faz sentido entregar um badalo a uma criança, num espaço público, ainda que tenham as melhores das intenções que, neste caso, seria, claramente, entretê-la.

 

Devido ao meu típico ar de quem está francamente chateada (estava meio a dormir, ok?) e a uma frase pouco simpática que referi mais alto do que era suposto (estava meio a dormir, ok?), a mãe da criança lá caiu nela e retirou o badalo das mãos do puto, não sem antes referir: "com crianças é assim", como que a dizer “isto, quando se tem filhos, tem que se inventar de tudo para eles estarem quietos”. Ora, eu não acho  que “com crianças” seja assim. Eu até admito que haja muita (muita) coisa que não possamos controlar quando temos crianças a nossa cargo mas, lamento, passar-lhes um badalo para as mãos, não é uma delas. 

 

Este é um daqueles casos em que, claramente, os pais sobrepõem o seu descanso ao descanso dos outros. Sempre ouvi dizer que a nossa liberdade começa quando termina a dos outros e eu, talvez por ter ouvido esta frase demasiadas vezes, levo isto mesmo a sério.

 

Dar baldinhos, forminhas, dar uma bola, uns bonecos, uns livros, uns puzzles, parecem-me óptimas opções para entreter uma criança. Dar um badalo, lamento, é só parvo e, pior, é achar que se vive numa ilha, completamente isolado do mundo.

 

Nota: eu sei que a palavra “badalo”, em calão, tem outra definição. Neste caso, é mesmo o que a imagem acima se refere.

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