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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Qui | 19.03.15

Aos trinta anos – nada é o que parece

Catarina Duarte

Aterrei nos trinta e tinha tudo para dizer que, afinal, é mais do mesmo.

Os objectos lá em casa continuam a ser os mesmos: os bonecos há muito que se foram; os livros demonstram alguma maturidade intelectual. O estilo de música já deixou a irreverência dos teen. Mas, a verdade, é que tudo muda. TUDO. E, atenção, atrevo-me a dizer que mente quem diz que tudo fica como dantes.

Ontem, dei por mim a pensar que os meus dias e a minha capacidade de entrega em qualquer novidade, tinha tudo para ser igual a sempre – mas a minha percepção de tempo mudou.

A MINHA PERCEPÇÃO DE TEMPO MUDOU.

Com trinta anos, e descobriste que gostas de dançar arrisco-me a dizer: dificilmente serás uma bailarina;

Com trinta anos, é pouco provável que alteres profissionalmente o rumo da tua vida, passar de gestão para medicina é possível: mas pouco provável.

Com trinta anos, dificilmente terás um corpo de uma ginasta – se não o conseguiste até agora, não irás, certamente, conseguir.

Com trinta anos e no rame-rame (esta expressão existe mesmo?) da vida é tão difícil percepcionar algo de espantoso a acontecer brevemente. 

Por outro lado, li algures uma frase que pertence ao meu desktop neste momento: reza a deus, marinheiro, mas rema para a praia. 

Não sou muito de frases feitas [acho que com a idade (lá está ela, outra vez) desliguei de lugares comuns] mas esta, sinceramente, gostei. 

O que contradiz, em parte, a primeira parte de texto. Basicamente, situo-me numa esquizofrenia baralhada da idade. Já tenho o rabo pesado para grandes mudanças mas continuo a acreditar que as mesmas podem ser possíveis se... remarmos para a praia.

Confuso este post, não é? São os trinta!