As palavras que nos definem.
Há pouco tempo descobri uma palavra espetacular e, depois de a descobrir, voltei a ouvi-la mais um par de vezes. A palavra é schadenfreude, uma palava alemã que visa definir o nosso sentimento de alegria perante o infortúnio de alguém.
Há, possivelmente, uma razão para saudade apenas existir em português. Aquela saudade preta, que nos vira ao contrário e que deixa a descoberto todas as nossas entranhas, amplamente enroladas sobre si mesmas. O preto da saudade, talvez colado ao fado, talvez colado à tristeza, define-nos, digo eu, como um povo quente. Ou, talvez seja mais acertado dizer, o povo quente que somos criou a palavra saudade para definir aquele sentimento insuportavelmente bom, insuportavelmente doloroso, que nos caracteriza.
Provavelmente, por uma palavra ter muito peso, a sua criação apenas nasça da necessidade que determinada comunidade tem em exprimir-se.
Não deixo, por isso, de pensar porque é que a língua portuguesa tem saudade e a língua alemã tem schadenfreude.
Apesar de achar que schadenfreude até tinha lugar na nossa língua, não deixa de ser curioso.