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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Qua | 13.04.16

Boa noite.

Catarina Duarte

Vejo a sala iluminada, da minha varanda. Tem luz amarela e sempre um senhor careca a encabeçar a mesa de mogno.

São sempre cinco e, por isso mesmo, recordo-me sempre deste texto de José Luís Peixoto:

 

“na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.”

 

Boa noite :)