Cem anos de solidão.
Sei que quando alguém morre, a tendência é esquecermos momentos menos bons, e ampliar, de alguma forma, tantas vezes desmensurada, quem, lamentavelmente, se foi. Todos se tornam seres fortes e maravilhosos e, de algum modo, pessoas recomendáveis, ainda que estejam adormecidos há anos no nosso pensamento.
Relativamente a Gabriel García Márquez, embora há uns tempos apagado em mim, não procurei idolatrá-lo ou torná-lo em algo que não sabia se era.
Em mim, aterrou tristeza de quem, conscientemente, assume a perde de um génio. Não procurei impulsioná-lo de forma alguma pois o lugar dele, lá bem colocado em cima, ninguém ousa tirá-lo.
Infelizmente, não li tanta coisa quanta aquela que gostaria de ter lido do referido escritor, mas cem anos de solidão, um livro que se lê num sopro, marcou muito o meu género de leitora. Foi com esse livro que defini, oficialmente, a leitura como prazerosa.
Por isso, e porque principalmente não me escondo em manobras de vergonha quando disponho de vontade de agradecer a quem, em vida, o merece, o meu muito obrigada. Pois este pensamento que agora me sai, sempre o tive, e a morte é apenas um pretexto para referir algo que sempre em mim existiu.