Chuva.
A chuva batia nos vidros. Eu estava concentrada numas tabelas por terminar.
Não acho que as tenha que fazer para intelectuais. Ponho tanto de mim, quanto aquilo que gostaria de receber. Não ponho menos. Muito menos, mais.
A chuva acelerou. As pingas iniciais foram substituídas pela brutalidade do granizo sem cerimónia. O meu rato continuava, em círculos, a formatar a tabela do momento. Mais umas existiam por terminar.
Chicotadas, umas atrás das outras, agrediam agora o vidro da minha janela. Comecei a ficar desconcentrada. Não conseguia terminar aquela tabela. Não me conseguir isolar da violência da água que forçava a entrada na minha sala. E ainda tinha as seguintes para fechar.
A chuva berrava lá fora e eu com vontade de a mandar calar. Guinadas de luz branca começaram a surgir. E, depois: estrondo. Novas guinadas. Novo estrondo. E eu concentrada a concentrar-me nas tabelas por concluir.
Do nada, a chuva certeira e rasteira começou a dedilhar nos vidros. Arranhava agora apenas finamente. O barulho ensurdecedor do temporal terminou. Foi substituído pelo conforto da chuva tranquila.
Terminei a minha tabela. Terminei as restantes.
Arrumei tudo, desliguei tudo e fui para casa.
Boa noite de chuva :)
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