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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Qui | 24.05.18

De dor em dor.

Catarina Duarte

Passeamos de dor em dor, saltitamos alegremente, pelas nossas, pelas dos outros, pelas dos nossos.

 

Tento sempre enganar os meus pais quando alguma dor me aparece. Parece-me sempre que a dor que sinto reflete-se neles em igual medida, e isso aumenta a minha dor à medida que, neles, ela se vai alastrando.

 

Eu esforço-me verdadeiramente para esconder todas as dores e eles, sem qualquer esforço, agarram logo, pela minha voz ou pelo desalento que finjo não ter. É injusto. A dor reveste-se de injustiça – disso não há dúvidas.

 

Julgo que esta multiplicação de dores torna dolorosa a tarefa de ser pais. Deve ser, porventura, a mais dolorosa tarefa de fazer bem isto, o papel de pais.