Japão - Dicas e Experiências Obrigatórias.
Há muito tempo que o Japão fazia parte da lista de prioridades, no que às viagens diz respeito, do Ricardo. Não é que eu andasse a adiar a coisa, claro que não, mas andava mais virada para outros lados.
Então, lá chegou a altura e, com relativa pouca antecedência, comprámos as nossas viagens para aquela que seria umas das nossas melhores viagens.
Tenho a dizer que o Japão é mesmo um país de outro mundo apesar de, tecnicamente, pertencer a este. É um país ordeiro, organizado e os japoneses têm uma educação extremamente cuidada, que se nota na mais básica situação do dia-a-dia.
Fui escrevendo, ao longo da viagem, pequenos textos que ia partilhando no instagram, como este de que tanto gosto:
“Hoje fui ao Starbucks tomar um café. Às tantas, numa das mesas ao nosso lado, estava um grupo relativamente grande para os padrões normais. Percebi que o tema era trabalho e que, à mesma mesa, se juntavam um par de americanos e um par de japoneses. Quando se levantaram, os japoneses, como habitualmente fazem, levantaram os seus copos, os seus pratos, passaram um guardanapo pela mesa e saíram. Um dos americanos deixou o seu copo em cima da mesa, a sua cadeira para trás, e seguiu caminho. Um dos japoneses do grupo, que tinha ficado para último, voltou para trás e levantou-lhe o copo (que colocou no lixo), empurrou a sua cadeira e limpou um pedaço de café que tinha caído na mesa. Se o grau de higiene, no Japão, é indescritível, também se pode dizer que o grau de respeito é imenso, isto porque, assim que o japonês se aproximou do americano esquecido, continuou a conversa interrompida, sem sequer referir que, no Japão, o costume é deixar tudo limpo antes de sair.”
Os japoneses respeitam os mais velhos mas também não se esquecem dos mais novos. É um país limpo, onde a higiene é levada mesmo a sério - quase que dá para andar descalço nas casas-de-banho mistas dos comboios (claro que ninguém vai fazer isso, é só para perceberem o grau de limpeza a que me refiro).
Mas são, também, um povo muito individualista e completamente virado para o trabalho. Andam sozinhos, mesmos nos cafés das cidades, e sempre agarrados à tecnologia. S-E-M-P-R-E.
“Gosto muito desta fotografia porque mostra um cenário muito comum por estas bandas: os japoneses sozinhos, agarrados à tecnologia. Na rua, não se ouve qualquer grito nem as conversas são tidas num tom mais alto. Raramente se ouvem gargalhadas. São muito cordiais, simpáticos e hospitaleiros. Mas não são, na maior parte do tempo, festivaleiros. São muito individualistas na forma como vivem a vida. Talvez isso seja uma das explicações para uma das mais baixas taxas de natalidade do Mundo”
Depois há todo um outro lado que contrasta com a pacatez dos seus dias: o lado dos jogos, do barulho ensurdecedor das salas de pachinko, da manga, anime e, claro, do karaoke.
Um país de extremos, sem dúvida. Um país muito focado no detalhe:
Agora uma novidade: fora a viagem e os transportes, consegue-se ter uma vida relativamente barata no Japão. Sim, é verdade. Então se compararmos com os preços praticados com Lisboa, ficariam admirados com o preço das refeições, por exemplo.
Reuni duas dicas que considero fundamentais para quem pretende viajar até à Terra do Sol Nascente. São elas:
- O transporte é caro mas de excelente qualidade. O meio de transporte preferencial para nos deslocarmos é o comboio/metro. É importante, por isso, comprar o Japan Rail Pass – encomenda-se antes da viagem e entregam em casa. Este passe dá para comprar para 7, 14 e 21 dias e é destinado a turistas. Pode-se activar em qualquer altura da nossa viagem mas convém, antes de o comprar, construir o roteiro. Nós comprámos para 14 dias e activamos logo no primeiro.
- A fluência em inglês, no Japão, é parca ou inexistente e, por isso mesmo, é obrigatório alugar-se um Wi-Fi portátil para conseguir aceder online a todas as informações, sem estramos dependentes da comunicação. Alugámos três dias antes da nossa partida (foi um bocadinho em cima, admito). Quando chegámos a Tokyo, fomos a um balcão, levantámos o Wi-Fi portátil e no, último dia, devolvemos. “Organização” – uma palavra que descreve muito bem este país.
Agora vamos falar de algumas experiências que considero obrigatórias (sendo que, claro, cada um ajusta ao que mais gosta de fazer):
- Dormir num Ryokan – Os Ryokans são tradicionais no japão e uma forma muito original de passar a noite. É difícil arranjar Ryokans nas grandes cidades (devido ao facto do preço do metro quadrado ser elevadíssimo) mas quando estiverem a desenhar a volta pelo Japão, tentem incluir, pelo menos uma noite, num hotel do género. Não se vão arrepender.
- Vestir um kimono – Pode parecer insignificante mas é uma experiência muito gira, afinal, as roupas e os trajes fazem ou não fazem parte da cultura de um povo?
- Andar no comboio-bala (Shinkansen) – Não vão conseguir fugir a esta experiência se tiverem que movimentar dentro do Jaoão. É um comboio de alta velocidade e uma experiência diferente de tão calmo, rápido e limpo que é.
- Provar um gelado de chá verde – Há em todo o lado e, mesmo não sendo particularmente fã, faz parte do pacote.
- Experimentar o mais possível da gastronomia japonesa - Possivelmente, se se falar em gastronomia japonesa, só pensam em Sushi e, no limite, em Ramen. Mas – garanto-vos - é muito mais para além disso! O Japão tem, na sua ementa, as melhores carnes do mundo (claro que já ouviram falar dos bifes Kobe) e as espetadas mais deliciosas (como as Yakitori).
- Ficar a dormir num hotel-cápsula – Nós, na verdade, ficámos numa espécie de hotel cápsula chamado Book and Bed (há em Kyoto - onde ficámos - mas também em Tokyo). É uma experiencia muito diferente.
- Assistir ao leilão de atum no mercado Tsukiji – Assistir ao leilão de atum no maior mercado grossista de peixe do mundo é uma experiência que recomendo mesmo muito. O mercado vai mudar de local, o que é uma pena. O Japão consome 25% do atum de todo o mundo. É, de facto, impressionante e uma experiência a não perder.
A principal mensagem talvez seja termos consciência que vamos mesmo deixar muita coisa por ver/fazer. Mas, claro, isto não passa do argumento perfeito para voltar a este país maravilhoso.
Ainda vão sair mais dois textos sobre este país maravilhoso. Preparados?