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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Qua | 18.07.18

Lula da Silva é, afinal, um político preso ou um preso político?

Catarina Duarte

lula da silva.jpg

 

Isto de querer transformar um culpado num mártire tem tanto de recorrente como de inacreditável.

 

Então, um determinado individuo é condenado a uma pena de uma data de anos por uma série de crimes cometidos, num país que, segundo as últimas informações de que disponho, ainda é uma democracia e um grupo de deputados de outro país resolve assinar uma petição a pedir a sua libertação porque, resumindo, ele “roubou mas fez obra”. Sou capaz de estar a colocar aqui palavras na boca das pessoas mas, tenham paciência, mais à frente entenderão.

 

Bom, ao que parece, nomes sonantes da nossa política, como Isabel Moreira, Joana Mortágua, João Soares, Heloísa Apolónia, entre outros, assinaram de livre e espontânea vontade (antes que perguntem: não, ninguém lhes apontou uma arma à cabeça) uma petição a pedir a libertação de Lula da Silva.

 

Sim, leram bem.

 

Obviamente que não estamos aqui a discutir ideais políticos ou se a esquerda é melhor ou pior do que a direita. Nada disso. Estamos a discutir que há deputados portugueses a pediram a libertação de um ex-presidente brasileiro que foi condenado porque cometeu crimes.

 

Não deviam ser estas Isabéis, Joanas, Joões, ou Heloísas os primeiros da fila a acreditar na justiça?

Não deviam ser estas as primeiras pessoas a respeitar, acima de qualquer outra coisa, os julgamentos e as condenações?

 

Aparentemente, a razão que estes deputados alegam, explicada na dita petição, é que Lula tirou muitas pessoas da miséria. Isto é um dado que eu não conhecia: aparentemente, num estado de direito, é possível alguém ter a pena de prisão atenuada por ter sido um Robin dos Bosques. Era capaz de jurar que, perante crimes, há um julgamento, apresentam-se provas, sai uma sentença e ponto final. Bem sei que não é a minha área de formação – expliquem-me, por favor, se estiver enganada. Não é mesmo assim que a coisa funciona?

 

Choca-me que estes deputados baralhem tudo e voltem a dar, misturem retidão com amigalhaços, se metam onde não são chamados e que queiram, à força, transformar um político preso num preso político.

 

É, no mínimo, triste, lamentável e retira, à política, toda e qualquer credibilidade que ainda possa ter.

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