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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Sex | 20.04.18

Não se pode confiar na Primavera.

Catarina Duarte

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Hoje está mais frio do que nos últimos dias. A Primavera tem destas coisas: não se pode confiar muito nela. Eu já andava de sapatos sem meias, toda lampeira, senhora de mim, de nariz empinado, a olhar de cima para as pessoas que comigo falavam, até que a temperatura desceu, comecei a sentir uma relativa aragem nos meus tornozelos rechonchudos, senti-me mingar, reduzi-me a minha insignificância e voltei a calçar meias e botas. 

 

Para a semana, com o Sol a reaparecer, aposto que vamos todas a correr arranjar os pés, vai ser um trinta e um para arranjar vaga nos salões de beleza deste país e que, dois dias depois, vai cair uma carga de água daquelas com o objectivo concreto de esborratar os 20 euros que gastamos na pedicure feita numa qualquer hora de almoço apressada.

 

Não se pode confiar na Primavera, vive em permanente esquizofrenia temporal e arrasta-nos como se tivéssemos feito mal a alguém. São flores e folhas que nascem e surgem e aparecem mas também pés que já existem por aqui há uns anos e que, aproveitando o embalo desta altura, reaparecem agora aos nossos olhos para que, no dia seguinte, estes pés ao fresco recolham, todos tristes, à pacatez de um sapato. É toda uma instabilidade. Toda uma passagem para a minha parte preferida do ano: o verão.

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