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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Ter | 26.09.17

O apartheid de saias.

Catarina Duarte

Estas eleições legislativas têm sido ricas em episódios humorísticos: têm sido muitos, suculentos e brotam de todos os lados. Não fosse a vergonha alheia que representam e até admitia que estão a servir para animar uma já-não-tão-silly-season.

 

O último que me recordo aconteceu há uns dias quando, Joana Amaral Dias, candidata pela Nós, Cidadãos! à Câmara Municipal de Lisboa, propôs a existência de um espaço segregado, para as mulheres, nos autocarros, para as defender do assédio (aparentemente) constante a que são sujeitas nos transportes públicos.

 

Pode ser de mim, mas acho que esta sugestão tem assim uns laivos de apartheid, uma segregação que, embora não racial, se faz de forma sexual. E é sempre perigoso quando sugerem a segregação para combater algo que deve ser combatido com educação e instrução.

 

Esta proposta significa, exactamente, o aposto do caminho que queremos percorrer. É o contrário do objectivo, pelo qual milhares de mulheres lutam (e lutaram), em prol da igualdade de oportunidades e direitos. Qual o propósito? Retroceder? É esta a igualdade que querem construir?

 

Aponto o caminho a percorrer, o único capaz de combater as desigualdades e de proteger as pessoas: deixem-se de misturar temas e apostem na educação cívica, gastem dinheiro, dinheiro a sério, em formação, percam tempo com as pessoas, ouçam-nas e dêem-lhes educação.

 

Para terminar, apenas referir que o bom é que, no meio disto tudo, acabei por descobri que os autocarros, hoje em dia, são centros de verdadeira rambóia.

 

É que, a ser verdade, ao invés de gastar fortunas no Main ou no Bosq todos os fins-de-semana, conheço muito boa gente que vai investir fortemente no passe L1 da Carris (e não estou a falar de mim, hã?): sempre sai mais barato e dá para usar o mês inteiro.