O debate é importante?
Sou acérrima defensora de debate, mesmo quando ele atinge contornos de disputa porque não há tema que não valha uma troca acesa de argumentos.
Obviamente, que é possível debater de forma pacífica: 99% dos meus debates são feitos dessa forma – não se preocupem - mas aquele 1% que sobra sabe tão bem como o tiramisu do Bella Ciao, na Baixa.
No fundo, hoje e sempre, sou pelo desenvolvimento intelectual, pelo confronto de ideias, pela elevação do conhecimento mesmo que isso implique um ou outro arrufo. Sempre.
O Ricardo, ocasionalmente, julga-me muito assertiva e demasiado frontal. Percebo. Não sou das que encara a frontalidade como uma qualidade, sei que podia evitar alguns problemas se tivesse uma posição diferente na exposição de ideias. Mas depois, bom, depois penso sempre no valor e impacto intelectual de uma troca de ideias (que, às vezes, até pode mudar a minha forma de ver determinado tema), e concluo que vale sempre a pena.
Muitas pessoas não debatem temas, há famílias inteiras que se sentam a jantar à frente da televisão e que não se debruçam sobre a estruturação do conhecimento. Pais que não pedem opiniões aos filhos e filhos que vivem encolhidos nas suas vidas. São famílias inteiras que não constroem o conhecimento que se sabe ser cumulativo, e enfiam a atitude passiva que mantêm na vida nas conversas que raramente têm. Não estão habituadas a expor argumentos e rematam, de forma calma e sempre de voz baixa, um “vá, não se chateiem”. Ninguém se vai chatear! Todos vamos sair mais fortes.
Não pertenço a este tipo de família. Na minha família sempre se falou de cultura, de dilemas éticos, de religião e de política, sem qualquer tipo de pudor (este blog é muito o reflexo disso). Sempre se ouviu, interpretou e respondeu. E sempre se respeitou todas as opiniões.
Não entendo como é que querem ter uma posição que faça a diferença na vida (e no mundo), se não se começa a plantar essa semente em casa. Não entendo.
E vocês? Pagam para não se chatearem? Ou debatem tudo e mais um par de botas?