O que acontece quando a nossa mente explode?
No sábado passado, fomos ao Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, ver a exposição do fotógrafo chinês Lu Nan.
Já tinha ouvido falar muito bem sobre esta exposição (por exemplo, aqui) e a vontade foi aumentando.
Esta exposição está dividida em 3 partes: a primeira retrata a vida nos hospitais de doenças mentais (de 1989 e 1990), a segunda mostra as comunidades católicas em zonas (muito) rurais e isoladas da China (de 1992 a 1996) e a terceira mostra vida quotidiana do Tibete (de 1996 a 2004).
Posso dizer (como partilhei aqui) que saí de lá com um nó no estomago.
Apesar de ter gostado muito das três partes, aquela que mais me marcou foi, sem dúvida, a primeira, a parte do hospital de doenças mentais, onde, muitas vezes, faltam recursos financeiros aos familiares, tendo estes, por consequência, que amarrar os doentes em casa, a uma cama ou a uma árvore.
As expressões, o ambiente, o pavor ou, simplesmente, o vazio no olhar, assusta-nos e remete-nos, imediatamente, para a nossa insignificância.
Será que estamos assim tão a salvo que as nossas capacidades não nos falhem? O que acontece se alguma coisa aqui dentro deixar de funcionar? Estamos assim tão distantes desta realidade?
Como disse aqui, esta exposição é de uma frontalidade e de uma dureza que não tem explicação. Escava tão fundo dentro de nós que, quando de lá saímos, sentimo-nos como se um camião nos tivesse passado por cima mas, por outro lado, prontos para relativizar tudo o que nos acontece na vida.
Vejam que vale bem a pena.
Lu Nan. Trilogia, em exibição de 10/10/2017 - 14/01/2018
Mais informações aqui.