Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

Sex | 27.07.18

O “Último a Sair” é intemporal mas requer alguma “maturidade humorística”.

Catarina Duarte

último a sair.JPG

 

 

Tem piada como, até para o humor, temos que ter maturidade e alguma consistência. Talvez seja necessário ter também algum estofo e muito poder de encaixe. Sim, poder de encaixe é fundamental para nos rirmos sem peso na consciência.

 

Agora que penso nisso, deve haver uma razão concreta para as crianças se rirem de forma desalmada quando se diz “cocó” e os adultos acharem só parvo. Será que o nosso sentido de humor se vai apurando ao longo da vida, afunilando, talvez, com o conhecimento que temos do mundo?

 

Bom, esta introdução para dizer que resolvi ver o “Último a sair”. Sim, esse mesmo: o que foi lançado há 7 anos.

 

Digo “ver” e não “rever” porque, quando foi transmitido, eu tentei, de facto, ver mas não consegui. Reconheço hoje que não tinha mesmo capacidade para perceber o que por ali se passava. Na altura, recordo-me, ri-me muito com algumas cenas, como aquela das amêijoas com o Bruno Nogueira com a Sónia Balacó e uma outra sobre os meninos em África com a Luciana Abreu e também com o Bruno Nogueira. Mas não consegui entender o alcance da coisa.

 

O Ricardo, na altura, adorou e estava sempre a dizer-me que eu tinha que lhe dar uma oportunidade. Foi agora.

 

Andamos a ver aos bocados e, de facto, está ali um trabalho muito bem feito – pareço as velhinhas, podem dizer. O texto é óptimo, muito bem construído e as personagens tocam nos estereótipos todos, é impressionante como nada foi descurado.

 

Está tão bem feito que percebo perfeitamente porque é que imensas pessoas tiveram dúvidas se, de facto, aquilo era uma casa típica de reality shows ou cenário ou ainda se aos diálogos eram espontâneos ou estavam expressos num argumento.

 

É-nos dado tudo aquilo a que temos direito: as entradas dos concorrentes na casa, as galas, as idas aos confessionários e até as tricas entre eles. São camadas sobre camadas na construção das personagens. Gosto especialmente da forma como o Bruno Nogueira tanto está a representar como, ao mesmo tempo, desmascara o programa, destruindo tudo, dizendo: “fui eu que escrevi isto”.

 

Pela densidade do programa (sem ele ser propriamente pesado), na medida em que está mesmo muito bem escrito, criado e realizado, vale muito a pena a visita. Julgo que este é um daqueles programas que vai perdurar no tempo, porque, enquanto nos lembrarmos de reality shows, é sempre algo que faz todo o sentido ver. Sim, é intemporal.

 

Os textos foram escritos pelo Bruno Nogueira, João Quadros e pelo Frederico Pombares.

 

Se não viram, vejam. É de 2011, não passaram assim tantos anos e, mesmo que tenham passado, é como eu dizia, as coisas boas podem ser visitadas em qualquer altura da vida.

 

Viram na altura? Gostaram?

2 comentários

Comentar post