Pela metade.
Habituamo-nos ao amor pela metade, às amizades em part-time, às relações mais ou menos.
Habituamo-nos às férias que lá se passaram, aos jantares aceitáveis, aos vinhos na média.
Habituamo-nos a viver na linha mediana da vida, no equador dos nossos sentidos, no “tanto faz”.
Habituamo-nos. Ponto final.
Habituamo-nos da mesma forma que nos habituamos a um portátil que fica lento, a um telemóvel que encrava, a uma televisão que não liga.
Quando damos por nós achamos normal o portátil demorar dez minutos a funcionar, ter que reiniciar o telemóvel sempre que queremos abrir uma aplicação ou, simplesmente, deixar de ver televisão (também, se pensarmos bem, nunca gostamos muito dela).
Acostumamo-nos a viver pela metade, a desenrascar sentimentos e sentidos, a incluir a meia medida como se fosse inteira. Habituamo-nos a reduzir a receita, a cortar nos açúcares e, especialmente, no sal.
Viver pela metade, realisticamente digo: é quase certo - habituamo-nos sempre.
Estou aqui: