Por onde andam as cartas de amor?
Por onde andam as cartas de amor?
Não troco a subtileza de uma carta de amor pelo despacho de uma mensagem.
As cartas de amor são necessárias. São indispensáveis. Nada substitui a crueza de um papel manchado pela caneta aguçada de alguém. Nada substitui a concentração de alguém a tentar uma caligrafia limpa, tratada, pouco inclinada. Nada substitui o cuidado na decisão do "vou começar aqui, vou começar ali", enquanto se amacia a folha imaculada.
Hoje em dia, diria eu, ainda se tornaram mais necessárias.
Numa altura em que prezamos o facilitismo, numa época em que estimamos a rapidez, o pouco pensamento, as decisões ágeis e execuções diretas, reforço a ideia de que, as cartas de amor, ainda se tornaram mais essenciais.
Suponho que não sou a única, mas prefiro mil vezes a calmia e ponderação de uma caneta a desenhar um trejeito de amor do que a velocidade e ganância de uma mensagem enviada a seco.
Por isso, pergunto: por onde andam as cartas de amor?