28.04.20
Tudo adiado.
Catarina Duarte
Ia escrever “tudo cancelado”. Depois apaguei. O que se deve escrever mesmo é “tudo adiado”. As compras de casas, os primeiros empregos, os casamentos, os batizados e os aniversários. Foi tudo adiado.
Por um fio, daqueles finos, daqueles de nylon, estamos pendurados na indefinição do tempo.
Estamos, será?, a pairar, estamos suspensos nas horas que atravessam o dia, quase sem respirar, à espera que tudo passe, na esperança que não sejam cravados, nem em nós, nem nos (...)