Isto de existirem pequenos verões no meio do nosso inverno não deixa de ter a sua piada. É açúcar. É rebuçado. É o doce que precisávamos para desenjoar de um almoço demorado. O mais certo é para a semana chover. Arrisco-me a dizer que, exactamente por isso, beliscam-se as vontades de estar na praia. A generalidade das pessoas que conheço são pessoas que gostam dos pés no quente da areia, são pessoas que mergulham forte no mar, são pessoas que, à primeira oportunidade, não (...)
Despeço-me sempre do meu avô com um até amanhã.
Pelo seu avançar acelerado na idade (sim, eu sei, à mesma cadência com que eu avanço na minha), sinto os reflexos, as palavras, a articulação do seu ser a esgotarem-se. Ainda mantém a vivacidade, claro que sim: conduz, vai ali e acolá e mantém rotinas que não abdica - em especial, a compra do jornal, que folheia mais do que lê, mas que lhe é, essencialmente, uma companhia. Indispensável.
Despeço-me sempre do meu (...)
A minha tia, nos finais de Novembro, ofereceu-me um cacto com flor, num vasinho vermelho, com um pau decorativo em formato de árvore de Natal. Eu, pouco habituada a andanças de jardinagem e muito habituada ao controlo peremptório das coisas, perguntei-lhe fria e directamente o que teria que fazer, para que este cacto que, aparentemente não necessitava de água nem de cuidados extremos, não terminasse como acabam todos os bonsais e outras flores desta vida, quando dependem apenas das (...)