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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

06.11.16

Pela metade.

Catarina Duarte
Habituamo-nos ao amor pela metade, às amizades em part-time, às relações mais ou menos. Habituamo-nos às férias que lá se passaram, aos jantares aceitáveis, aos vinhos na média. Habituamo-nos a viver na linha mediana da vida, no equador dos nossos sentidos, no “tanto faz”. Habituamo-nos. Ponto final. Habituamo-nos da mesma forma que nos habituamos a um portátil que fica lento, a um telemóvel que encrava, a uma televisão que não liga. Quando damos por nós achamos (...)
08.08.16

Just write.

Catarina Duarte
Na altura em que publiquei o livro, algumas pessoas, a maior parte pessoas que conheço apenas de relance, referiram, sempre com carinho, estima e, alguma, admiração, a seguinte frase: - Também adorava publicar um livro! Via-lhes algum brilho no olhar. Via-lhes alguma vontade. Via-lhes alguma intenção. É engraçada, esta frase. (...)
04.08.16

Em que mundo é que isto acontece?

Catarina Duarte
Vale a pena falar sobre a promiscuidade do estado com as empresas privadas? São caminhos que se unem e se desunem, ligações manhosas e indefinidas, com fronteiras incertas e, sempre, obscuras. Ninguém entende a junção de pessoas, a razão destes se unirem àqueles e não aos outros. Ninguém entende estes malabarismos de “toma lá, vai lá passear ao Euro, que precisas de descansar”, ninguém entende porque é que uma empresa que se encontram em litígio fiscal com o estado se (...)
01.08.16

Escrever.

Catarina Duarte
Perguntam-me se, maioritariamente, escrevo ao computador ou se prefiro o embalo de uma caneta. Se é verdade que a mão me cansa, pela força que emprego na constituição de um texto, não menos verdade é que as ideias fluem e se concretizam melhor com a passada agitada de uma caligrafia tremida do que com a regularidade de um teclado e a luminosidade de um ecrã. Porém, e o mais relevante é que, os meus textos, nunca ficam como os desenho numa folha de papel. Mas o esqueleto e alma (...)
29.05.16

Crónica de uma Portuguesinha.

Catarina Duarte
Não perco mundo por ter uma significativa percentagem em mim de portuguesinha. Por muitas músicas que ouça, que ouço, por muitos géneros que adquira, que adquiro, nada supera o cantar sofrido de um fadista, a mágoa reflectida na repetição dos versos, a alma colocada em cada quadra. Sinto, em cada dedilhar da guitarra portuguesa, o choro (...)
27.05.16

Dar tempo. Especialmente a quem tem mau acordar.

Catarina Duarte
Lembrem-se disto: É preciso dar tempo. A tudo. Até a quem tem mau acordar. Os momentos que se seguem ao meu acordar são desastrosos. Não sou uma pessoa particularmente alegre aos primeiros minutos da manhã e pouco importa se acordo com o despertador ou por mim. Nunca beijo o mundo de felicidade só pelo simples facto de ser uma sortuda por acordar. Os (...)
26.05.16

Sobre a educação.

Catarina Duarte
Ela descia, de forma desengonçada, a ladeira de acesso ao meu prédio. Trazia na mão uma revista enrolada e, na outra, a carteira, de alça curta, cola ao corpo. Segurei-lhe na porta quando percebi que era no meu prédio que ela pretendia entrar e aguardei. Passou por mim, subiu as escadas de acesso ao elevador, carregou o botão e ficou, algo (...)
12.05.16

Sorte.

Catarina Duarte
  Queria escrever sobre a sorte. E de como a sorte se fabrica. E de como a sorte dá trabalho. E de como a sorte cravada na nossa vida é o empurrão que, tantas vezes, precisamos. Fazendo de forma persistente, vamos construindo a nossa parte, vamos cimentando os tijolos para, quem sabe, conseguirmos apanhar a sorte a jeito, depois a uma qualquer (...)
08.05.16

Um dia seremos turistas em Lisboa.

Catarina Duarte
  Vamos abandonar os nossos carros em casa e descer a rua em direcção ao metro. Vamos analisar a sua rede, escolher o melhor caminho, definir o percurso da visita e por onde queremos começar a nossa senda. Vamos ligar-nos à linha azul, parar na Baixa-Chiado, subir até ao Camões, namorar a brasileira e subir e descer nos elevadores da Bica e de Santa (...)
05.05.16

Música.

Catarina Duarte
Passei a raspar o passeio e parei na passadeira de forma rápida. Deixei-o passar e senti-lhe algum medo espalhado nos olhos devido à minha paragem algo desengonçada. Devia ter uns 14 anos (cientes que não consigo dar idades a pessoas, ok?) e só me arrisco a dizer que tinha mais do que dez porque, com menos idade, parece-me difícil andar sozinho na rua com alguma orientação. Trazia uma partitura na mão esquerda. Aliás, eram várias as partituras dobradas e algo amachucadas que (...)