17.07.18
VGM
Catarina Duarte
no que escrevi me traduzi e traduzi outros também e traduzindo me escrevi e a escrever-me fui eu quem das várias coisas que senti fez sofrimento de ninguém. depois risquei, depois reli e publiquei: assim porém havia sempre mais alguém para o chamar então a si, também vivendo o que menti mas como seu, mas como sem ter sido meu o que escrevi fosse por mal, fosse por bem. é sua a vez. e que mal tem? no que escrevi sobrevivi.
(Moura, Vasco Graça, Testamento, Lisboa: ASA, 2001)
Tirei daqui. (...)