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(in)sensatez

por Catarina Duarte

(in)sensatez

por Catarina Duarte

28.05.18

As palavras que nos definem.

Catarina Duarte
Há pouco tempo descobri uma palavra espetacular e, depois de a descobrir, voltei a ouvi-la mais um par de vezes. A palavra é schadenfreude, uma palava alemã que visa definir o nosso sentimento de alegria perante o infortúnio de alguém.   Há, possivelmente, uma razão para saudade apenas existir em português.Aquela saudade preta, que nos vira ao contrário e que deixa a descoberto todas as nossas entranhas, amplamente enroladas sobre si mesmas. O preto da saudade, talvez colado (...)
27.04.18

Muito mais do que a morte do Cimbalino e da Bica.

Catarina Duarte
Não é propriamente uma novidade que eu sou uma alma velha, num corpo, vá, já não muito novo.   Talvez também não fiquem surpreendidos se vos disser que sou uma pessoa bastante saudosista e que “saudade” é, na verdade, muito mais do que algo que sinto ocasionalmente: é mesmo uma das minhas palavras preferidas de sempre. Adoro a forma como remata nos nossos dentes o seu fim, num perfeito alinhamento do sentimento com a fonética.   O que talvez não saibam é que, muitas (...)
08.11.17

É assim a saudade.

Catarina Duarte
Ela surge do frio. E tem surgido muitas vezes, ultimamente.   É assim a saudade, tão portuguesa, tão portuguesinha, coberta pelo seu xaile negro e embalada pela sua dor cantada.   No Outono, no Inverno, nestas estações mais frias, onde o calor humano tenta equilibrar a temperatura do ar, a saudade, tão portuguesa, tão portuguesinha, alapa-se com força ao meu peito, retira-lhe um valente pedaço e um buraco escuro, um buraco profundo, que nada parece capaz de tapar, (...)
27.06.17

Eu pensava.

Catarina Duarte
  Eu pensava que a rádio era da voz. Vemos a cara dos locutores, hoje em dia, e eles, bom, eles andam em autocarros enquanto fazem a emissão em direto.   Eu pensava que o fado era negro. Ontem ouvi a Raquel Tavares a senti-lo com um vestido amarelo canário (sim, amarelo canário é uma cor).   Eu pensava que os livros eram folhas presas a uma lombada, que eram o cheiro da impressão fresca ou, então, o cheiro a antigo e a saudade, pregado nas suas letras. Hoje, tenho um eReader (...)
03.08.16

Os palmiers do Moinho.

Catarina Duarte
São raras as vezes que regresso à morada onde vivi durante mais de vinte anos. Por nenhuma razão em particular, simplesmente porque não pertence ao percurso que faço diariamente. No outro dia, fiz questão de lá estacionar, quando me dirigia para determinado local. É sempre difícil voltar aos sítios onde fomos felizes – pude comprová-lo nesse dia. Entrei numa das pastelarias da minha infância, os donos reconheceram-me e falaram-me com aquele carinho típico de quem nos viu crescer. Pedi um palmier para matar saudades.